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Rússia, China e Índia

A ocupação da Ucrânia pela Rússia vem revelando situações inimagináveis.

Edição: 397
Data da Publicação: 13/05/2022

A ocupação da Ucrânia pela Rússia vem revelando situações inimagináveis. Uma delas é a absoluta submissão da União Europeia aos desejos norte-americanos, mesmo que eles sejam opostos aos interesses da Europa. Vários analistas geopolíticos afirmam que essa situação acontece por falta de estadistas frente aos países europeus - é, pode ser.

A Alemanha, por exemplo, que é o país mais rico e mais populoso da União Europeia, tem, em seus governantes, uma liderança natural no bloco. Hoje, a UE ressente a saída de cena da primeira-ministra ngela Merkel, que é, reconhecidamente, uma gestora competente de crises e negociadora de consensos.

Ela não quis se candidatar a mais um mandato, o que deu lugar ao vacilante Olaf Scholz. Foi ngela Merkel, por exemplo, quem bancou a construção do gasoduto Nord Stream 2, que os estados Unidos eram radicalmente contra, e que entregaria à Alemanha e à Europa um gás ao preço cinco vezes menor que o do gás norte-americano, não só o preço, mas também a quantidade de que a Europa e a Alemanha necessitam para suas indústrias e residências. A Rússia ainda fornece 55 bilhões de m³ de gás por ano à Europa, mas deixará de fornecer.

 

China

A Rússia não fornecer gás para a Alemanha e para a Europa não será problema, uma vez que a China e a África precisam não só desse gás, mas de seu preço, o que possibilita que seus produtos sejam comercializados a um custo muito baixo. Aliás, o fornecimento de gás russo para a China aumentou quase 60% nos primeiros 4 meses de 2022.

As entregas são feitas através do gasoduto Power of Siberia como parte do contrato entre a Gazprom e a China National Petroleum Corporation (CNPC), informou a gigante russa de energia.

Quando a Rússia lançou sua operação militar contra a Ucrânia no final de fevereiro, Pequim recusou-se a condenar Moscou ou participar das sanções internacionais, apesar das ameaças de Washington.

O impasse energético entre a Rússia e o Ocidente fez com que o fornecimento de gás para países fora da antiga União Soviética caísse 26,9% desde o início do ano. Um total de 50,1 bilhões de metros cúbicos foram entregues nos últimos quatro meses.

 

Índia

A Índia vai aumentar as compras de petróleo russo. As companhias estatais de petróleo da Índia planejam comprar o máximo possível, mudando sua estratégia de compras de licitações para contratos de longo prazo, conforme informou o jornal indiano Economic Times, citando fontes familiarizadas com a situação.

 

França

Enquanto isso, a Europa busca uma solução difícil de ser resolvida. Nesse contexto, e após ser reeleito esse mês presidente da França, Macron sabe que as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos não deram resultado em nenhum país do mundo e que muito menos dará resultado na Rússia. Macron sabe que o mundo multipolar é bom para a Europa e, por isso, vem se descolando das posições sectárias dos Estados Unidos e já trabalha para uma solução negociada, a fim de que seu país e a Europa não entrem em uma longa noite de incertezas.