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Petrobrás vende derivado no mercado interno com preço três vezes e meio maior que custo de produção
O consumidor paga despesas com importação em óleo nacional
Edição: 390
Data da Publicação: 25/03/2022
A Petrobrás apresentou, em 2021, um custo
médio de extração de petróleo e produção de derivado de R$ 114,89 por barril, e,
ao mesmo tempo, vendeu esse produto no mercado interno por um valor três vezes
e meio maior, R$ 416,40 o barril, garantindo, assim, lucro de R$ 301,51 por
cada barril comercializado no país no ano passado.
Os cálculos são do Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômico (Dieese/subseção FUP), com base nas
informações dos relatórios de desempenho financeiro da Petrobrás de 2019, 2020
e 2021. Na composição desses custos, entram as participações governamentais
(royalties e participações especiais) e todos os custos operacionais (extração do
petróleo e refino).
Consumidor
paga despesas com importação em óleo nacional
Os dados mostram que o valor de venda
doméstica de derivados praticado pela gestão da Petrobrás, em 2021, (R$
416,40/barril) foi 63% acima do realizado em 2020 (R$ 254,40/barril), ao mesmo
tempo em que o custo de extração e refino, em real, caiu. Por trás da diferença
entre custo de produção e valor de venda doméstica está a política de preço de
paridade de importação (PPI) praticada pela direção da Petrobrás, que leva em
consideração o preço internacional do derivado, variação cambial e despesas com
importação e desconsidera custos internos de produção.
Segundo as análises do Dieese/FUP, o valor
médio do barril de derivado comercializado pela Petrobrás no país cresceu
40,7%, entre 2019 e 2021, acima das variações do câmbio (36,7%) e do barril do
óleo no mercado internacional (10%).
Redução
de custos de extração
Enquanto isso, no mesmo período, a empresa
teve redução de custos de extração em todas as alternativas apresentadas pela
estatal em seus relatórios financeiros (terra, pós sal, pré-sal, com ou sem
participações governamentais e com ou sem afretamento). De um ano para outro, a
empresa aumentou seus volumes de extração e concentrou atuação em campos com
maior produção e produtividade, como os campos do pré-sal, que são muito mais
rentáveis que os demais.
No
refino também houve redução
Em relação ao refino, também houve redução
significativa dos custos de produção, de 32,5%, no período 2019/2021, se
considerado em dólar, e de 8,5% em reais. Da mesma forma, destacam-se menores
custos operacionais e maior produtividade.
O economista do Dieese/FUP, Cloviomar
Cararine, explica que, considerando o maior custo de extração no ano de 2021
(com participação governamental e com afretamento), de US$ 19,62 por barril, ao
câmbio de R$ 5,40, o custo por barril, em real, é de R$ 105,95. Somado ao custo
de refino em reais, de R$ 8,94 por barril, chega-se a um custo total de
R$114,98.
Por conta da grande produtividade dos campos
do pré-sal, descobertos em 2006, e dos investimentos nas melhorias operacionais
das refinarias brasileiras, a Petrobrás vem apresentando queda nos custos para
extração do petróleo e para a produção de derivados. "O Brasil se tornou um
país muito competitivo nesse setor. Ao mesmo tempo, por conta da política de
Preços de Paridade de Importação (PPI), na hora de precificar os combustíveis
em seus terminais, a Petrobrás não leva em consideração esses custos de
produção e sim o preço internacional, acrescido das despesas com importação de
derivados", destaca Cararine.
O coordenador-geral da Federação Única dos
Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, observa que "o resultado dessa política
são maiores lucros para a empresa distribuir para seus acionistas nacionais e
estrangeiros (cerca de 750 mil acionistas no total), enquanto a população sofre
com preços absurdos nos combustíveis, mais inflação e perda do poder de compra
dos salários".
Fonte FUP