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A Bolívia foi o país que mais cresceu no mundo

Evo contou porque nacionalizou a mineração, nacionalizou o gás, e que isso não bastava. Não se pode ter apenas o produto bruto, tampouco ser apenas um exportador de commodities, é preciso ter a industrialização desses produtos.

Edição: 407
Data da Publicação: 22/07/2022

Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, concedeu uma entrevista à uma mídia de reportagens investigativas do Reino Unido que faz um trabalho sobre o imperialismo, principalmente, no sul global. Nessa entrevista que Morales deu a um dos seus editores, falou sobre vários assuntos, como a participação do Reino Unido no golpe na Bolívia.

Evo contou uma história interessantíssima de como fez o plano de recuperação econômica da Bolívia, que foi o país que mais cresceu não só na América latina, mas no mundo. Contou que, nos primeiros 100 dias do seu governo, nacionalizou a mineração, nacionalizou o gás, mas que isso não bastava. Não se pode ter apenas o produto bruto, tampouco ser apenas um exportador de commodities, é preciso ter a industrialização desses produtos.

Ele então foi buscar a industrialização, principalmente do setor de mineração e do lítio. Contou que, em 2010, foi para a Coreia do Sul, um país industrializado, e que, apesar de não estar na Europa e nem na América do Norte, é completamente alinhado ao capitalismo e às potências imperialistas.

Chegando lá, foi conhecer uma fábrica onde faziam esse refinamento do lítio e disse que os coreanos estavam querendo fechar uma parceria com a Bolívia para comprar diretamente o metal e refinar na Coreia do Sul. Evo Morales quis saber quanto custava uma fábrica desse tipo. Os coreanos disseram que era necessário algo em torno de 50 milhões de dólares. Como a economia da Bolívia já estava melhor, Evo disse que bancaria esse valor, para que os coreanos investissem na construção de uma fábrica daquelas na Bolívia.

Os coreanos disseram que não tinham interesse. Com essa negativa, Evo percebeu que as potências internacionais não querem ver a industrialização, o crescimento e o desenvolvimento dos países da América Latina. Desejam apenas que eles sejam exportadores de commodities e não fabricantes de produtos manufaturados de alta tecnologia. Então Evo Morales decidiu fazer a fábrica por conta própria. Contratou engenheiros do exterior e abriu diversas fábricas na Bolívia. Tinha plano de que o país tivesse, até 2029, cem fábricas de enriquecimento do lítio. O processo, porém, foi parado pelo golpe militar que o país sofreu. Por isso que Evo acredita que as potências internacionais tenham participado do golpe na Bolívia, inclusive o Reino Unido, afinal o país estava ousando ir para um patamar que o imperialismo não aceita, o de tomar conta de suas riquezas e fazer com elas o que bem entender.

Hoje, depois do desmantelamento do golpe e a prisão dos golpistas, houve a retomada do enriquecimento do lítio, principalmente na região de Potosí (situada na Cordilheira dos Andes, à altitude de 3.967 metros, é uma das cidades, geograficamente, mais altas do mundo), que é onde estão as maiores reservas de lítio da Bolívia e do mundo. Hoje, a Bolívia é o país que tem a menor inflação entre todos os países da América do Sul, exatamente por conta da desdolarização da economia.

Evo Morales comentou as críticas que recebe em relação à guerra da Rússia, mas explica que tanto a Rússia como a China nunca colocaram obstáculos, ao contrário da Coreia do Sul, do Japão, da Europa e dos EUA. Tanto a China quanto a Rússia nunca impuseram condições à Bolívia, olham o país como um parceiro comercial entre iguais, independente do seu tamanho.

Evo terminou dizendo que, se a Bolívia tivesse concluído o plano de construção de todas as 100 fábricas de enriquecimento do lítio, o país estaria recebendo, somente disso, 5 bilhões de dólares de lucro líquido por ano.

 

Fica a pergunta

Por que será que tantos países se meteram no golpe da Bolívia, um país tão pequeno?...