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A agricultura brasileira está dependendo da Rússia, Bielorrússia, Ucrânia e China
Alimentação da população é questão de soberania nacional? A Petrobrás, por meio do governo federal e sua gestão indicada, optou por sair do ramo da fabricação de fertilizantes
Edição: 385
Data da Publicação: 18/02/2022
O desmonte da Petrobrás não se dá
apenas no campo dos combustíveis. O governo federal está se desfazendo das
fábricas de fertilizantes da empresa, o que já afeta a mesa do brasileiro.
Em uma canetada, o
governo de Jair Bolsonaro fechou a Fafen Fertilizantes, uma unidade de
operação da Petrobrás, localizada em Araucária (PR). O fim das atividades colocou mais de
mil trabalhadores na rua e, como consequência, esse ramo de produção nacional passou
a ser dependente da importação. Além disso, o governo abandonou outra unidade em construção e arrendou
outras duas fábricas de fertilizantes nitrogenados.
Por que a Petrobrás atua no ramo dos fertilizantes
agrícolas? Porque ela tem a matéria-prima em abundância. No Paraná, por
exemplo, ela é um subproduto da refinaria e tem um valor agregado mais baixo, sobrando,
ainda, gás. A construção de uma unidade fabril é, portanto, uma decisão
política, além de ser estratégico para o país.
Além dessas quatro fábricas, a
Petrobrás tinha plano de erguer outras três unidades de fertilizantes, mas renunciou
à soberania nacional e deixou na mão da iniciativa privada e dos importadores.
Hoje, o Brasil depende muito de importações.
Todos os países dos quais importamos estão
localizados no hemisfério norte e, evidentemente, produzem a ureia à base de
gás. Ele é usado para aquecer as casas e mover veículos. Por isso, maiores produtores
reduziram suas exportações para priorizar o mercado interno de seus países, como
é o caso da Rússia, Bielorrússia, Ucrânia e China.
Em 2021, o valor da tonelada dos adubos
e fertilizantes químicos subiu quase 60%, resultado das decisões do governo
federal e do valor do dólar. Devido à decisão dos países estrangeiros de
restringirem a venda de fertilizantes ao Brasil, existe o risco de se elevar
ainda mais o custo da produção agrícola desse insumo que é vital para a
produção agrária.
Essa situação terá um reflexo,
principalmente, no pequeno agricultor, que não vai conseguir importar e não tem
mais espaço para ir à fábrica pegar o fertilizante a um preço módico, porque a
Petrobrás entendia que alimentação é um assunto de segurança nacional. A falta
do fertilizante para os pequenos agricultores terá um reflexo ainda maior no
preço dos alimentos.