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Não há sociedade sem cultura
Quando Lula assumiu a presidência, o Brasil fazia cinco filmes por ano; hoje são feitos mais de 150 filmes por ano, estes que ganham prêmios em todos os festivais ao redor do mundo.
Edição: 311
Data da Publicação: 25/09/2020
Quando Lula assumiu a presidência, o
Brasil fazia cinco filmes por ano; hoje são feitos mais de 150 filmes por ano, estes
que ganham prêmios em todos os festivais ao redor do mundo. Hoje, há produtoras
de cinema em todo Brasil, em todas as capitais e também em muitas cidades de
médio porte. Hoje, a atividade no Brasil já é superavitária. Mas essa política
cinematográfica vem sendo desmontada nesses dois últimos anos, comenta-se
até que é encomenda da indústria cinematográfica norte-americana para não ter
uma concorrência do porte e da escala que o cinema brasileiro pode vir a ter no
mercado cinematográfico internacional.
Delegação de cinco senadores americanos
Pelo sim pelo não, vai uma história
que se passou com Juca Ferreira, ministro da Cultura do presidente Lula. Certo
dia, em Brasília, o ministro recebe a visita de uma delegação de cinco
senadores norte-americanos, todos negros. Eram representantes da indústria do
cinema nos EUA, e a mensagem deles foi explícita, pois disseram: "Nós não
estamos gostando da política cinematográfica do Brasil, por muito menos os
EUA quase rompe com o México porque quiseram cobrar uma pequena taxa nas salas
de exibição mexicanas".
Mas Juca Ferreira foi firme e disse que "nosso
papel é desenvolver o cinema brasileiro, se ele vai concorrer com o cinema
americano é parte da vida, parte do capitalismo, este inclusive que vocês têm
muito poder sobre ele". Quando eles já tinham se levantado para ir embora, o
senador que parecia ser o porta-voz chegou perto do ministro e soltou essa
pérola: "Vou fazer uma proposta para a gente apaziguar as relações na área
de cinema... deixe o cinema americano participar e ter acesso a esses recursos
que vocês disponibilizam através do fundo setorial e da Ancine e a gente
promete fazer filmes em português".
Juca Ferreira levou um susto e
devolveu: "Fazer filmes em português nos deixará muito contentes, mas nós
queremos desenvolver uma economia do cinema do Brasil e não a economia americana,
não faz sentido pegar dinheiro do contribuinte brasileiro e financiar cinema
americano, me desculpe, mas por mais boa vontade que eu tenha com o país de
vocês, eu não posso concordar com isso, porque senão eu estaria indo contra os
interesses do meu país".
Durante a conversa, estava passando
uma manifestação na Esplanada dos Ministérios reivindicando alguma coisa; aliás,
como sempre acontece, afinal era um momento democrático que o país vivia. Um
deles, meio arrogante, se vira para o ministro e diz: "Isso não seria
possível nos EUA, vir incomodar os dirigentes do país fazendo esse barulho,
isso é coisa de povo subdesenvolvido".
Juca Ferreira quase chutou o balde,
mas entendeu que seu papel ali era mostrar que somos mais civilizados do que
eles.