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A China e o novo paradigma nas relações internacionais

Por exemplo, para a China, não interessa que a Etiópia, Paquistão, Bolívia etc. sejam fracos. A China é a antítese do modelo norte-americano vigente no mundo.

Edição: 447
Data da Publicação: 28/04/2023

A China vem inaugurando, com o mundo um novo, paradigma nas relações internacionais. Não se trata de defender os interesses da China, aliás ela tem seus interesses estratégicos, só que eles demandam países fortes no mundo, esse é que é o chamado "pulo do gato". Por exemplo, para a China, não interessa que a Etiópia seja fraca.

Irã

Segundo o acordo do Irã com a China, por 30 anos o Irã vai entregar para os chineses petróleo em troca de infraestruturas, trem de alta velocidade, rodovias, ferrovias etc e também as indústrias concernentes a essas cadeias produtivas, que no Brasil a gente vem chamando de mecânica pesada, como um departamento novo na economia. É o acordo com o Irã que vira a chave das relações dos países periféricos.

China e África

Muita gente desinformada e outras de má fé dizem que a China está endividando o mundo, e que, em especial, no caso da África, que a China está endividando o continente para ter maior influência política e econômico. Essa história não existe pelo simples fato de que, do total das dívidas dos países africanos, apenas 12% das dívidas são com a China, o resto é com o FMI, Banco Mundial etc.

Outra falácia é que a China está construindo corredores de exportação na África. Mentira! O que a China está construindo na África é muito mais para a unificação do mercado interno africano do que corredor de exportação para a China. Quem se dispõe a estudar, é uma coisa empírica; basta pegar um mapa de onde essas infraestruturas estão sendo construídas e vai chegar a essa conclusão.

Etiópia

A Etiópia, por exemplo, chegou em um ponto da relação com a China que disse que não queria mais vender só commodoties para o país, ela pediu Zonas Econômicas Especiais (nos moldes que a China fez em seu território, onde empresas têm condições especiais de financiamento, reserva de mercado chinês etc.). A China aceitou.

Paquistão

O Paquistão foi outro país que colocou a China contra a parede e também disse que não queria mais vender só commodoties para ela. O Paquistão pediu não só indústria, mas também transferência de tecnologia. O que aconteceu? Chegaram a um acordo.

Bolívia

A Bolívia agora argumentou que não daria para ter uma relação séria com os chineses se a China não industrializasse o lítio na Bolívia, coisa que a Coreia do Sul se recusou a industrializar no país boliviano. O país não queria mais exportar o lítio in natura. A China topou, estão fazendo isso.

Por que tudo isso?

Porque, em 2018, Xi Jinping falou que a China estava comprometida com a redução das diferenças entre o hemisfério Norte e o Sul, e é isso que vem ocorrendo não só na África, mas também na América do Sul, América Central e, sobretudo, no Oriente Médio. Enquanto a China busca desenvolver os países parceiros, os EUA continuam com sua política bélica com mais de 900 bases militares ao redor do mundo, invadindo, destruindo, derrubando governos e saqueando as riquezas que deveriam servir à sua população.