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Tirar dinheiro da economia é matar o doente por falta de oxigênio
Reduzir salários da iniciativa privada e de servidores públicos pode ser um desastre para a economia brasileira
Edição: 289
Data da Publicação: 10/04/2020
A política de redução de jornada de
trabalho com redução de salários entre 25% e 70%, acompanhada de complementação, bem como a redução da remuneração dos
servidores públicos pode ser um desastre para a economia brasileira, já
estagnada há anos. Neste momento, com a crise do coronavírus, é necessário
garantir renda e emprego. Essas propostas desconhecem a lógica elementar do funcionamento
dinâmico da economia e por isso são recessivas. Não são suficientes nem para
salvar as empresas, seu objetivo principal, nem os trabalhadores.
O economista Arminio Fraga,
ex-presidente do Banco
Central, alerta que é falsa a dicotomia entre salvar vidas e a economia.
Suspender a quarentena imposta na maior parte do país não levaria os
brasileiros a saírem gastando, nem os empregos seriam preservados em sua
plenitude. Cabe uma resposta firme de política social e econômica. Segundo o
economista, o Brasil tem os recursos. Os EUA vão gastar 5% do PIB. Aqui
poderíamos gastar um pouco menos, 3% ou 4% do PIB, deixando claro que são
gastos temporários, mas ajudariam bastante. A situação já não estava tão boa, o
desemprego já vinha alto, a economia vinha crescendo pouco.
Outro economista com experiência tanto
governamental quanto na área privada é o ex-presidente do Banco Central e
ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que vai pelo mesmo diapasão, uma vez
que ele admite que, nesse momento, a emissão de títulos não traz qualquer risco
inflacionário tendo em vista a brutal retração da economia em função da
pandemia. As despesas com os gastos emergenciais, com as empresas e as pessoas,
têm começo, meio e fim, e, portanto, o Banco Central pode emitir moeda e o
consequente aumento da dívida pública para o salvamento das empresas, empregos
e pessoas. "Acabou a pandemia, acabou isso, voltamos a normalidade e pode
voltar a austeridade fiscal", conclui o ex-presidente do BC.
Só o Governo Federal pode emitir moeda e
títulos. Só o Governo Federal pode aportar os recursos para salvar a economia e,
nesse aspecto, o Governo vem titubeando, talvez por inexperiência de seus colaboradores.
O certo é que o tempo corre contra o relógio.