Voltar
Governo Lula precisa de bancos públicos para recuperar nossas empresas
O especialista alertou para a importância de empreiteiras brasileiras para a soberania
Edição: 444
Data da Publicação: 07/04/2023
Especialista em
Direito Administrativo, o jurista Pedro Serrano afirmou em entrevista no programa
Boa Noite 247 que bancos públicos vão ser fundamentais para o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomar o trabalho de empresas brasileiras
na área de infraestrutura. O estudioso citou o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "O Estado é que financia
essas atividades e deve reconstruir nossas empresas de infraestrutura. Em
termos de geração de emprego é muito mais rápido do que contar com o capital
internacional. Ninguém vai botar toda uma quantidade de dinheiro aqui",
afirmou Serrano aos jornalistas Rodrigo Vianna e Florestan Fernandes Jr.
EUA
"Estados
Unidos cresceram por conta do protecionismo. O papel do Estado é intervir para
proteger a indústria. Nenhum capital estrangeiro vai se aventurar no Brasil,
com investimento de risco, sem parceiro local (o governo)",
acrescentou.
Pedro Serrano
destacou também que a multa aplicada pela Lava Jato às empresas de engenharia
em acordos de leniência precisa ser renegociada para ser paga. "É
preciso reduzir valor de leniência através de uma razão jurídica. Isso (os
valores) é impagável. Tem que renegociar o valor", afirmou.
Outra medida
citada pelo jurista é não fazer das obras de infraestrutura uma forma de pagar
o valor determinado em acordos de leniência, que, de acordo com Serrano,
prejudica o investimento da empreiteira. "Ideia de pagar leniência com
obra é ideia de amador. A empresa precisa de capital de giro", disse.
O jurista disse
que as alternativas citadas por ele são o "suficiente para recuperar as
empresas". "Não precisa criar privilégio especial".
"Lava Jato destruiu nossas
empresas"
O jurista criticou
a Operação Lava Jato, que, segundo ele, "destruiu nossas empresas".
De acordo com o jurista, os acordos feitos na Lava Jato "levam à falência
de empresas". "Acordos foram feitos em condições ruins. Havia
muita pressão. Havia o Estado policial com a faca no 'pescoço das empresas',
que cederam o que tinham de ceder. Fez parte de todo um processo de espetáculo
da Lava Jato. Foram feitos para espetáculo e não para resolver problemas.
Ninguém tem condições de pagar. Uma empresa falida não paga ninguém. Petróleo
e infraestrutura são dois setores com muita corrupção. Mas o que fez a Suíça
quando houve isso? A França? Os Estados Unidos? Puniram pessoas físicas e
preservaram as empresas. Serviços de infraestrutura eram o principal de nossa
pauta de exportação. É mais sofisticado do que você exportar feijão e arroz.
Nossa engenharia era conhecida como engenharia de primeira linha",
disse. "Foi tudo destruído pela Lava Jato".
As empresas de
engenharia pesada estavam ganhando o mundo. Além de forte presença no Brasil,
estavam na África e Oriente Médio ocupando espaço das empresas americanas. A
operação Lava Jato foi instituída também com essa finalidade. O trabalho de
reconstituição do Brasil será longo, mas necessário.
Fonte: Brasil 247