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O nó americano no Oriente Médio
Se ficar, Joe Biden perde eleição, se sair, Israel sozinho não aguenta o tranco
Edição: 487
Data da Publicação: 09/02/2024
Em 2001, quando os EUA decidiram
bombardear o Iraque, eles construíram toda uma narrativa mentirosa de que Saddam
Hussein teria armas de destruição em massa. O Colin Powell (diplomata
e general de quatro estrelas americano que serviu como Secretário de Estado dos
Estados Unidos de 2001 a 2005) foi mostrar os caminhões e imóveis de Saddam
Hussein, para justificar o bombardeio em 2003 contra o Iraque. Junto a tudo
isso, havia uma forte censura à imprensa. O bombardeio foi intenso e a
cobertura da imprensa pífia, feita pela mídia internacional. Demorou muito, mas
os jornais reconheceram que não havia nenhuma arma de destruição em massa.
Hoje, a situação é completamente outra, não criam mais nenhum mise em scene, não precisam mais criar
nenhum cenário espetacular para justificar um bombardeio, eles vão lá, metem
bomba e fim de papo, não tem conversa. Justificam dizendo isso, dizendo aquilo,
dizendo que o Hamas estava utilizando o hospital como base etc. Foram lá,
bombardearam os hospitais e não encontraram nada, e os bombardeios vão
continuando nos hospitais e escolas da ONU, mesquitas, universidades, aos
comboios de alimentos de ajuda humanitária e quarta feira "Israel" atacou um caminhão de distribuição
de água em Gaza (matando mais 13 civis palestinos, incluindo 7 crianças), obrigando
famílias palestinas inteiras a comer apenas para sobreviver (por exemplo,
somente com um copo de leite por dia). Civis israelenses também continuam
bloqueando a entrada de ajuda humanitária por terra.
A guerra da Ucrânia ainda foi no
velho estilo com forças militares de um lado contra forças militares do outro
lado, forças convencionais dos dois lados. Em gaza, não é assim. Você não tem
uma força militar contra outra força militar, você tem uma superpotência, que
são os EUA, massacrando uma população civil e não acontece nada, muito pelo
contrário, veem-se os maiores países do mundo cortando os fundos que eles concediam
à ONU para mandar comida, medicação, combustível etc. para os refugiados
palestinos. Coloca-se, então, o mundo em outro patamar, o da barbárie, da
destruição em massa, o patamar que não precisa mais inventar justificativas
para massacrar outro povo. Nós estamos vendo isso sob nossos olhos, a
humanidade está indo para o inferno.
Mas por que Gaza?
Porque é por ali que os países
imperialistas desejam criar um corredor envolvendo Israel, Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos, Índia, unindo nesse corredor da chamada Europa ocidental
os países vassalos dos EUA, (França, Alemanha, Itália etc.), que passariam,
através dele, a receber gás de Gaza e o petróleo da Arábia Saudita. Dessa forma,
o imperialismo constituiria uma "rota da seda 2" contrapondo-se ao projeto chinês
da Nova Rota da Seda, de Xi Jinping, criada em 2013. Para isso ser possível, é
necessário que consigam eliminar a população palestina de 2,5 milhões de
habitantes para controlar toda aquela região do litoral de Gaza e manter esse
corredor livre, fazendo um deslocamento populacional coletivo do povo palestino
- e é o que eles estão fazendo com a destruição de quadras e mais quadras de
prédios residenciais, igrejas, templos, universidades etc. Não é a primeira vez
que o imperialismo está matando como em Gaza, está, aliás, muito longe de ser a
primeira vez.
Em 2013, depois da ocupação de Fallujah,
no Iraque, os EUA mataram um milhão de pessoas (mulheres, crianças, idosos
etc.). No Afeganistão, foi a mesma coisa. No Laos, Vietnã e Camboja, os EUA
mataram quatro milhões de moradores.
Então qual é a diferença?
A diferença é que a humanidade ficava
sabendo dos fatos a posteriori, os historiadores e jornalistas escreviam, a
gente se lamentava, mas já era coisa do passado. Agora, não, eles perderam a
vergonha na cara, perderam o pudor, perderam qualquer traço de humanidade,
estão fazendo isso na cara de todo mundo, todo o mundo está assistindo, e isso
faz com que a humanidade atinja um limiar de permissibilidade.
Qual é a consequência disso?
Quando medidas não são tomadas, permite-se
que outros genocídios ocorram em outras regiões do planeta. Por que não? Se é
possível em Gaza, na Palestina, porque não na África, no Niger, onde fizeram
uma pequena revolução contra a França para parar de entregar o urânio e o ouro
deles, ou na Amazônia diante do genocídio dos Yanomamis?!
Do ponto de vista militar, o que Israel conseguiu?
Depois de 4 meses de guerra, e do
ponto de vista militar, o que Israel conseguiu até agora foi Nada! Isso se deve
à heroica resistência que é constituída pelo Hamas, Jihad Islâmica (criado por estudantes universitários de Gaza com o objetivo de
formar um estado palestino) e outros vários grupos que estão agindo em
Gaza no processo de resistência à invasão americana através do estado sionista de
Israel.
EUA
Essa é a primeira vez que as
forças dos EUA estão participando diretamente da guerra contra os árabes. Nem
na Guerra dos Seis Dias, nem na Guerra do Yom Kipur (que significa o Dia do Perdão eterno) teve uma participação direta
dos EUA contra os árabes. A resistência islâmica está combatendo os EUA e não
um só grupo.
O nó americano
Nessa resistência, teve a
incorporação dos Houthis, do Iêmen, o Hezbollah, do Líbano, e agora a
resistência do Iraque e da Síria. Nisso os EUA levaram um nó. Se eles
aumentarem o número de soldados deles no conflito, começarão a morrer
americanos, como já está acontecendo e está causando um bafafá na américa às
vésperas das eleições americanas. Se eles tiram a mão e saem do conflito,
Israel sozinho não segura o tranco. Os EUA não podem, portanto, sair e tampouco
ficar.
No final do conflito, depois
dessa fase brutal terminar e com a pouca probabilidade de exterminar 2,5
milhões de pessoas nos dias atuais ser muito difícil, só restará a necessidade
de ter que sentar e conversar com a resistência palestina, como já está
acontecendo, ou nada se resolverá.
Diga-me: quem é o terrorista?
Hoje, os EUA mantêm sob ocupação
ilegal 25% do território Sírio, exatamente a região produtora de petróleo.
Levam o petróleo e não pagam. (que nome se dá a isso?). Os EUA estão mantendo
suas bases militares ilegalmente no Iraque. O parlamento iraquiano, que é
reconhecido pelo governo dos EUA, já pediu inúmeras vezes a retirada de todas
as tropas do território iraquiano, e eles não retiram. Quando os povos desses países
reagem e atacam as bases americanas, a imprensa global diz que eles que são os provocadores
e são chamados de terroristas por essa mesma imprensa que está aí para desinformar.
Fonte
jornalista José Arbex