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Por que a Venezuela saiu do noticiário e a Argentina nem entrou?
Os casos são curiosos e têm a mesma raiz, os mesmos motivos. São os interesses políticos e econômicos que a grande mídia tem e você é parte deles.
Edição: 245
Data da Publicação: 07/06/2019
Venezuela
No caso da Venezuela, sempre mostramos que o presidente
Maduro sempre esteve firme, não tanto pelo Exército nacionalista que o país tem
e lhe dá sustentação, mas por uma população consciente do que está em jogo. O
venezuelano sabe que possui a maior reserva de petróleo do mundo, a segunda
maior de ouro e tantos outros minérios estratégicos ao mundo. Todo povo
venezuelano sabe e acompanha o embargo econômico, criminoso, que os EUA fazem
sobre a frágil economia do país e vão para as ruas em sinal claro de apoio ao
governo Maduro, herdeiro de Hugo Chávez, o presidente que libertou os pobres.
Juan Guaidó tinha valor morto para justificar uma
intervenção militar americana ao país, mas como o golpe fracassou, não ocorreu,
aliás, decisão acertada do governo venezuelano, hoje Guaidó perambula pelo país
sem o poder de mobilização que já não tem mais. E essa realidade não interessa
à grande mídia mostrar a derrota Norte Americana.
Argentina
Já a Argentina vem passando pela maior crise econômica
desde 2001 e os meios de comunicação do Brasil seguem ignorando. As próprias
redes de comunicação argentinas e estrangeiras passam diariamente mostrando o
empobrecimento vertiginoso da classe média argentina, onde ressurgiu o el troca, que nada mais é do que grandes
feiras onde se troca de tudo por comida. Um encanador, pintor, lanterneiro ou
marceneiro troca sua força de trabalho por arroz, outro troca por roupa,
refrigerante etc. É o maior nível de desnutrição e mortalidade infantil; maior
nível de pobreza e de desemprego que os argentinos já tiveram, e isso para sua autoestima
é um tsunami moral.
É a mesma cartilha
O governo que está lá é da mesma cartilha do que se
instalou aqui, é o governo neoliberal, do livre mercado, abertura das fronteiras
argentinas aos produtos estrangeiros sem taxação. Essa política quebrou toda a
economia, empobreceu o povo argentino; quebraram mais de 28.000 lojas na grande
Buenos Aires e outras 10.000 estão em concordata e deverão fechar também. Famílias
de classe média inteiras dormindo nas ruas, não são mendigos, não estão pedindo
dinheiro, mas foram despejados e, sem terem para onde ir, dormem ao relento.
O modelo neoliberal que foi implementado lá na Argentina
é rigorosamente da mesma escola que está sendo implantado aqui no Brasil,
inclusive as reformas da previdência, que está em curso no Brasil, e a
trabalhista, que aqui já foi imposta pelo governo Temer, lá foram feitas no
final de 2017. A greve geral paralisou toda a Argentina, todos os voos foram
cancelados, as ruas ficaram vazias, paralisação completa dos transportes
públicos, tudo parou: trem, metrô, ônibus, caminhões, escolas, táxis... só
funcionaram os serviços de urgência e emergência dos hospitais. As notícias só
foram possíveis através da TV portuguesa ou pela Fran Express.
O presidente argentino entrou em queda livre nos últimos
meses por causa da situação econômica do país, que chegou a níveis alarmantes,
com inflação de 50% e taxas de juros a 70%. A greve geral ocorreu em meio à
campanha eleitoral argentina, onde o presidente concorre à reeleição, e
Bolsonaro se manifestou a favor da reeleição de Maurício Macri, dizendo que a
América Latina corre risco se Macri não se reeleger.
Não interessa aos grandes conglomerados de informação
mostrar o caos argentino, uma vez que estão comprometidos umbilicalmente com a
reforma da previdência, independentemente de qual rumo o país terá. Tanto lá
como cá, os bancos continuam a ter lucros bilionários, mesmo que para isso levem
a população ao caos e ao sofrimento de famílias inteiras.