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Como EUA, Alemanha, Portugal e Europa lidam com a pandemia

Enquanto isso... no Brasil...

Edição: 303
Data da Publicação: 31/07/2020

Dois estados norte-americanos: Nova Iorque e Califórnia. Nova Iorque fica na costa leste dos Estados Unidos e possui 19 milhões de habitantes. A Califórnia fica na costa oeste e possui 37 milhões de habitantes.

No estado de Nova Iorque, morreram 12 mil pessoas por razão da pandemia do coronavírus. No mesmo período na Califórnia, morreram 971 pessoas. Mesmo um estado sendo o dobro do outro, a Califórnia teve menos que um décimo de mortos, e essa diferença foi reflexo da forma de tratar o problema do isolamento social. Enquanto Nova Iorque tratou a pandemia na base da gozação, retardando as necessárias medidas de isolamento social que o mundo adotou, a Califórnia se fechou desde o início. Hoje, a cada dez pessoas, seis estão confinadas.

Mesmo assim, depois de ver que não se trata de uma "gripezinha", os EUA aprovaram um pacote de ajuda financeira na ordem de um trilhão de dólares para enfrentar a epidemia.

A Europa

Na Europa, líderes de 27 países da União Europeia se reencontraram após cinco meses separados pela pandemia e decidiram levantar 750 bilhões de euros (o equivalente a 4,5 trilhões de reais) para tirar o bloco econômico da recessão. Vale dizer que o valor é muito acima do teto de endividamento e vai contra o "pão-durismo" do bloco desde sua criação. A Alemanha, por exemplo, líder do bloco econômico, historicamente sempre impôs metas e controles antes de liberar recursos que tinha no cofre para países novos e considerados velhos perdulários - leia-se Itália.

O pacote foi alinhavado pela durona chanceler alemã Angela Merkel, a ferrenha defensora da responsabilidade fiscal. Mas, como cada caso é um caso, o momento exige esse tipo de ação.

Em Portugal

Em Portugal, o governo aprovou uma ajuda para quem mora no país de ?1.100 (euros) por mês, cerca de 6.600,00 reais de ajuda.

Na Alemanha

Na Alemanha, a brasileira e empresária Mariana Pitanga possui um pequeno restaurante de tapioca que foi aberto em agosto do ano passado (2019) na rua Samariterstr, em Berlim. Porém, em fevereiro/março, quando ela se preparava para a temporada de eventos, estourou a pandemia e os eventos foram sendo cancelados um atrás do outro.

Diante do problema, a empresária se preparou para entregas a domicílio, mas foi com a ajuda do governo da Alemanha que a empresa, os empregos e empregados puderam ser mantidos.

A empresária recebeu dois tipos de ajuda do governo: o primeiro foi 14 mil euros, o equivalente a 85 mil reais, a fundo perdido e o governo garantiu o pagamento de 60% dos salários dos empregados. Segundo Mariana, se não fosse essa ajuda, provavelmente teriam que fechar o restaurante e os empregos depois de apenas 6 meses aberto.

Enquanto isso no Brasil...

Ideologicamente, o governo brasileiro força o trabalhador brasileiro a voltar ao trabalho, dificultando que os programas sociais de ajuda emergencial criados pelo Congresso Nacional, como os R$600 reais, cheguem a quem tem direito e precise. A humilhação é vista todos os dias nas filas das CEF e Brasil afora.

A ajuda às empresas ainda não saiu do papel. Os bancos oficiais - Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil - oferecem os recursos, mas, em contrapartida, exigem garantias e nome limpo. Ou seja, é uma espécie de dar com uma mão e tirar com outra. Pouquíssimas empresas conseguem vencer a burocracia. O problema é que quem tem garantias e nome limpo não precisa de ajuda.

Contradições

Enquanto as medidas de isolamento proíbem a aglomeração nas praias, se permite o efeito sardinha em lata no interior dos ônibus e trens das cidades brasileiras. É uma contradição difícil de engolir.

A falta de apoio às empresas e a manutenção dos postos de trabalho elevarão o desemprego a níveis nunca vistos no Brasil. Mais de 1,5 milhão de empresas já fecham as portas em definitivo. Caminhamos para 200.000 mortos até setembro.