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Manuel Congo não esqueceu dos irmãos

Em 20 de novembro, 181 anos depois, é hora de nos lembrarmos de Manuel Congo

Edição: 268
Data da Publicação: 15/11/2019

Nesse ano completaram 181 anos da execução de Manuel Congo em Vassouras. Zumbi dos Palmares está para o Brasil como Manuel Congo está para o Rio de Janeiro. Manuel Congo foi o líder da maior revolta de negros escravizados que o estado já teve. Alguns escritores falam que ele libertou 200 escravos e outros chegam a dizer que foram 400.

Nesse momento, o número não importa, mas lembrar de Manuel Congo no dia da Consciência Negra é fundamental para nossa região. Esse fato, inclusive, deveria fazer parte do currículo escolar em todos os níveis de ensino, do fundamental ao universitário, inclusive nos cursos de História e Turismo da região.

A história

Com apenas 50 anos da chegada dos portugueses ao Brasil (1550), começou o tráfico negreiro para cá, prática que duraria mais 338 anos. Apenas em 1850, depois de muita pressão internacional, sobretudo da Inglaterra, começa a vigorar as leis contra a escravidão de negros no Brasil: em 1850, houve a proibição do tráfico negreiro; em 1871, entra em vigor a Lei do Ventre Livre; 1885, a Lei dos Sexagenários; e, finalmente, em 1888 vem a Lei Áurea.

Escravidão como política econômica

Foram 338 anos de escravidão como uma política econômica de Estado. Nos últimos 38 anos do regime, as revoltas e fugas se intensificaram. A luta de Manuel Congo, em 1838, não foi em vão e contribuiu para esse desfecho.

75% do café consumido no mundo

É importante contextualizar que, nesse momento, 75% do café consumido no mundo era produzido na região do Vale do Café; era um enorme poder econômico e político, a ponto de pressionar o Imperador Dom Pedro II a mandar a Tropa Nacional para capturar os negros escravizados que fugiram da Fazenda Maravilha, hoje Aldeia de Arcozelo, esta que, na década de 80, pertencia a Pascoal Carlos Magno, que a doou ao Governo Federal (Funarte), como é até hoje.

Gruta dos Escravos

Manuel Congo e os demais fugiram para a Gruta dos Escravos, que fica em uma chácara localizada entre Vera Cruz, em Miguel Pereira, e Palmares, em Paty do Alferes.

Lembrar de Manuel Congo é não só lembrar da luta pela liberdade, mas da preocupação com nossos irmãos de sofrimento. Manuel Congo pagou na forca por essa preocupação. Viva 20 de novembro, dia da Consciência Negra!