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Por que o governo destrói nossas capacidades tecnológicas? Entenda o caso da CEITEC

Cada veículo sai da fábrica com cerca de 60 chips e há linhas de produção de carros e caminhões paradas por falta de chip

Edição: 354
Data da Publicação: 16/07/2021

A CEITEC é uma empresa pública que foi colocada em liquidação pelo governo federal. Ela é uma empresa de semicondutores que atua em projeto e fabricação de semicondutores, circuitos integrados (CIs) e no pós-processamento de wafers. Os funcionários da CEITEC foram responsáveis pelo desenvolvimento de produtos de alta tecnologia para atender demandas imediatas da sociedade, entre eles chips, tags e sensores para aplicações variadas. Exemplos: chip para estacionamentos e pedágios, chip para passaporte, tag para identificação de patrimônio, tag para pneu, plataforma eletroquímica e sensores para a área da saúde. Além disso, os funcionários administrativos foram capacitados para atender a demandas inéditas na administração pública; esse modelo de indústria foi o primeiro da América Latina. A qualificação desse grupo fica evidenciada pelo resultado no Índice de Governança das Estatais (IG-SEST), nível 1 com nota máxima.

A CEITEC detém um capital intelectual único, construído na última década com investimento público: são 6 pós-doutores, 7 doutores, 40 mestres, 46 pós-graduados, 48 graduados e 25 técnicos. A empresa recebeu a transferência de tecnologia XC06 da XFAB, os equipamentos instalados são para 350nm, o prédio e infraestrutura são para 180nm e, segundo a engenharia da ASML com base nas informações de vibração e infraestrutura fabril, o Brasil poderia fabricar 90nm no prédio - mas é claro que é necessário investimento para os equipamentos.

A empresa está em condições de contribuir com a emergência de falta de chips na indústria automotiva. Só para se ter uma ideia, cada carro sai de fábrica com cerca de 60 chips e é exatamente esse produto que está em falta no mercado, deixando linhas de produção de carros e caminhões paradas por falta do produto.

Qual o sentido de liquidar uma empresa pública que produziu tudo isso num curto espaço de tempo e representa um potencial óbvio e gigantesco para o Brasil?

 

Fonte: Silvio Luís R. S. Junior, presidente da ACCEITEC, e Paulo Gala.