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Quem nasce na ilha de Taiwan é chinês e fala mandarim ou cantonês

Mas de qualquer forma, com a ida de Nancy Pelosi à ilha, os EUA marcaram uma importante vitória nessa batalha.

Edição: 409
Data da Publicação: 05/08/2022

Quem nasce na ilha de Taiwan é chinês e fala mandarim ou cantonês. Chiang Kai-shek líder do partido Kuomintang da China perdeu a revolução para o partido Comunista da China e se exilaram na ilha. Quando a ONU foi fundada, eles representaram a China nas Nações Unidas, até em 1971, quando houve a visita do presidente Richard Nixon a Pequim, acompanhado de seu secretário de Estado, Henry Kissinger, a República Popular da China foi reconhecida pelas Nações Unidas. Em 1979, o presidente democrata Jimmy Carter restabeleceu as relações entre os dois países (EUA-China). De lá para cá, são 43 anos de relações em que os EUA firmaram documentos, acordos e tratados, reconhecendo que só existe uma China.

O que vem sendo observado é que os EUA estão adotando a tática da ambiguidade estratégica, uma vez que reconhecem uma só China, mas, ao mesmo tempo, o país não só arma, mas também financia e treina o Exército de Taiwan. A China não tolera mais essa situação, aliás, muito parecida com a situação entre Rússia/Ucrânia.

Taiwan é uma pequena ilha, mais ou menos do tamanho de Cuba, com 22 milhões de habitantes. Tem um Exército do nível da Ucrânia, que é três vezes maior e que tem um Exército maior do que o francês e o alemão juntos.

A ida de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, é uma violação dos tratados assinados entre os dois países, já que ela não está a "passeio". Naquele momento, estava representando o estado nacional estadunidense, em viagem na aeronave do governo norte-americano, com dezenas de jatos fazendo a segurança do avião, e é recebida pela autoridade máxima de Taiwan. Ao fazê-lo, incita o separatismo em Taiwan, algo que a China não aceita em hipótese alguma.

Aliás, o país que deseja ter relações comerciais com a China precisa declarar solenemente e assinar no papel que não reconhece Taiwan como país independente, e que, no mundo, só existe uma China e ela se chama República Popular da China (RPC). É um princípio irrenunciável.

Vale lembrar que, na Segunda Guerra Mundial, o Japão invadiu e ocupou Taiwan, e, em 1945, quando o Japão perde a guerra, devolve formalmente a ilha para a China de Chiang Kai-shek, que, naquele momento, ainda não era a República Popular da China, que só viria a ser criada em 1949, com a vitória da revolução liderada por Mao-Tse-Tung e o Partido Comunista chinês.

E, para terminar, desde que os integrantes do partido Kuomintang perderam a revolução para o partido Comunista Chinês e foram para a ilha de Taiwan, a governam, e, como são nacionalistas e não separatistas, não defendem a separação e a independência da ilha, havendo documentos e tratados assinados entre Taiwan e China nesse sentido. Em 2016, porém, um novo partido assumiu o governo da ilha, apoiado pelos EUA, e que tem clara posição de pedir a sua independência. Por isso a demanda chinesa pela unificação do seu território é legítima, aliás, como já aconteceu com a devolução de Hong Kong pela Inglaterra e de Macau por Portugal.

Mas de qualquer forma, com a ida de Nancy Pelosi à ilha, os EUA marcaram uma importante vitória nessa batalha. A China pecou por falar demais e fazer de menos. Taiwan corre sério risco de pagar a conta da visita de Pelosi sozinha.