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Desfazendo mitos contra as estatais
Estudo feito pela cientista Juliana Forzio, formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Edição: 262
Data da Publicação: 04/10/2019
A cientista Juliana Forzio, formada em Ciências Sociais
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e que atualmente faz doutorado
em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas, desvendou
alguns mitos que os privatistas divulgam na mídia. Os mais importantes mitos
que o estudo da cientista social desfez são os seguintes:
O Brasil está endividado e precisa
privatizar - MITO
A dívida brasileira é interna, diferente da década de
1980, quando tínhamos uma dívida externa. Isso quer dizer que nossa dívida é em
moeda nacional, o que não é nenhum problema para um país que tem soberania
monetária. Aliás, o que se entende como um país endividado? Nossa dívida
pública hoje está em 69% do PIB, a do Japão está em 270% do PIB japonês e a
norte-americana está em 100%. Inclusive, essa era a justificativa dos
privatistas na década de 90. Mas, ao final das privatizações, a dívida pública
aumentou. Isso demonstrou que, para se reduzir a dívida pública, a receita é o
crescimento econômico do país, retomar a atividade econômica, e não a venda de
suas estatais.
O preço dos serviços diminui com a
privatização - MITO
Isso não tem nenhum paralelo na história brasileira.
Basta irmos aos exemplos concretos. A tarifa do Metrô na cidade do Rio de
Janeiro é a mais cara do Brasil e, no entanto, é um serviço privado, mas quem
estende as linhas, compra composições etc. é o Estado brasileiro. A energia
elétrica da cidade de São Paulo foi privatizada em 1990. De lá para cá, a
tarifa aumentou 324%. Estudos apontam que se houver privatização da Eletrobras,
a conta final para o consumidor deve ficar mais cara em torno de 20%.
Estatais dão prejuízo e necessitam de
subsídios do governo - MITO
Mentira, muito pelo contrário. As grandes empresas
estatais não só não dependem do Tesouro Nacional, como contribuem,
significativamente, para as receitas do Estado na medida em que ele, o Estado,
recebe altos dividendos por ser o acionista majoritário.
Concluindo
As empresas estatais não surgiram no Brasil para
concorrer ou inibir as empresas privadas. As estatais servem para prover
serviços essenciais à sociedade, como setor de energia, transportes de
mercadorias, sistema financeiro, água e energia. São serviços vitais à vida e à
sociedade, inclusive "formando preços". Todas as mercadorias são produzidas em
locais onde consome-se energia e luz, usam-se estradas e petróleo.
E para terminar, peguemos o exemplo da telefonia, que foi
privatizada nos anos 1990: sozinha, ela é a campeã das reclamações no Procon.
As estatais formam o patrimônio público, construído
durante muitas décadas e, acima de tudo, são empresas estratégicas para o
crescimento do país e, por isso, devem ficar nas mãos dos brasileiros.