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Bilionários não deveriam existir

Durante a pandemia, a riqueza dos bilionários nos EUA aumentou em mais de meio trilhão (de dólares).

Edição: 322
Data da Publicação: 04/12/2020

A pandemia da COVID-19 chegou aos quatro cantos do mundo. Mas os bilionários parecem estar imunizados à crise econômica decorrente do vírus, que causou demissões em massa no mundo todo e jogou milhões para postos informais de trabalho.

EUA

Durante a pandemia, a riqueza dos bilionários nos EUA aumentou em mais de meio trilhão (de dólares). Jeff Bezos, dono da Amazon, aumentou sua fortuna em US$13 bilhões, equivalente a 1 trilhão de reais.

E no Brasil?

Segundo o relatório da Oxfam, os 42 bilionários brasileiros tiveram, entre 18 de março e 12 de julho, o seu patrimônio aumentado em 34 bilhões de dólares, o equivalente a 177 bilhões de reais, isso em um país que tem cerca de 13 milhões de desempregados (número que ainda vai aumentar com a pandemia). Só no primeiro semestre de 2020, o Brasil perdeu 1.198.363 vagas de trabalho com carteira assinada, conforme dados do CAGED - Cadastro Geral de Empregos e Desempregados divulgados pelo Ministério da Economia. Os três setores que mais perderam postos de trabalho foram o setor de serviços, seguido pelo comércio e em terceiro lugar o da construção.

Segundo o PNAD do IBGE, em 2019, o rendimento médio mensal do 1% mais rico da população correspondia a 33,7 vezes o rendimento da metade da população mais pobre do Brasil. Todo esse lucro é em cima da exploração da mão de obra trabalhadora e da precarização e degradação ambiental.

Essa riqueza é produzida por suor, sangue e muitas mãos dos trabalhadores e trabalhadoras no mundo todo.

O sistema capitalista na sua fase mais exploratória - tanto dos seres humanos quanto da natureza - é o que esses bilionários querem manter para seguirem lucrando. Eles são uma fase cruel do sistema.

Nesse momento difícil da economia, os bilionários precisam contribuir com o país. Aliás, eles são os que menos pagam impostos no Brasil.

O imposto das grandes fortunas já existe desde 1988 e está na Constituição Federal, ele não é novo e nem precisa ser criado, mas ele precisa de regulamentação. E por que não é regulamentado? Porque a classe média brasileira pensa que é bilionária e acha que vai ser alcançada pelo imposto e por isso pressiona o Congresso Nacional a não o regulamentar.

Na verdade, a classe média será uma das grandes beneficiadas, como por exemplo com a redução da alíquota do Imposto de Renda e a correção da faixa de isenção, o que já traria enorme alívio. Porém, como essa classe acha que é bilionária, todos nós pagamos mais e os bilionários nadam de braçada.