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"Uma tarifa alta e inadequada, extorque o empresário, afugenta o emprego, penaliza quem paga passagem e coloca os moradores do Terceiro Distrito no mundo do subemprego local"

Não consegui ir onde queria, mas cheguei onde jamais imaginei que chegasse.

Edição: 76
Data da Publicação: 11/03/2016

Quando me propus a entrar no governo Claudio Valente, tinha dois propósitos:

1) mostrar que é possível asfaltar a um preço baixíssimo, com usina, pessoal e maquinário municipal. Consegui.

2) O outro era um sonho mais difícil, um sonho de 30 anos, desde quando fui vereador e presidente da CPI contra a empresa de ônibus da época, na década de 80. Sempre quis entender a caixa preta que são os aumentos sucessivos e periódicos sem qualquer aprofundamento de sua composição e, as vezes sem qualidade para os usuários.

Sempre sonhei em reduzir as tarifas do transporte coletivo ao nível de que deve ter, ou seja, remunerar o investidor e seus custos. Sempre achei que a tarifa de Miguel Pereira era excessivamente exorbitante, não só pelo serviço e distância que a empresa faz, mas também, pelo padrão da economia da cidade.

Uma tarifa alta e inadequada, extorque o empresário, afugenta o emprego, penaliza quem paga passagem e coloca os moradores do Terceiro Distrito no mundo do subemprego local.

Esses problemas sempre estiveram na minha cabeça, sempre me incomodaram muito. Quando passei a responder pela Secretaria de Transportes de Miguel Pereira comecei a colocar em prática tudo que sempre me incomodou. De início, quando cheguei, já estava em cima de minha mesa o pedido de aumento de tarifas - neguei, ele veio cheio de incorreções e custos de linhas estaduais. Em seguida quis saber qual era o custo das nossas linhas municipais. Como posso conceder um reajuste se não sei quanto custa? Sabia que minha decisão teria um enorme efeito na economia da cidade. Achava que podíamos chegar a uma tarifa de R$ 1,50, mas não deu. Os estudos chegaram a R$ 1,70.

Mas isso não era o bastante, não adiantava ter um estudo de custos, se a empresa não queria prestar o serviço pelo preço que chegamos. Parti para achar uma empresa de porte médio e estrutura enxuta. Só com esse perfil que seria possível implantar uma tarifa de R$ 1,70. Conseguimos chegar e encontrar. O empresário topou o desafio, alugou garagem, comprou novos carros, adesivou com os novos preços e na hora de colocar para rodar, o prefeito preferiu um caminho que não o levará a lugar nenhum.

Não consegui ir onde queria, mas cheguei onde jamais imaginei que chegasse. Só faltou coragem de colocar a empresa para rodar, mas isso já não dependia mais de mim. Bom, isso fica para o próximo governo!