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O que é a gigante Eletrobrás

Com a venda da empresa, se a energia que já está na estratosfera, ela vai passar para a próxima galáxia.

Edição: 399
Data da Publicação: 27/05/2022

A Eletrobrás é uma empresa monstruosa. É composta por empresas por todo país, desde o Rio Grande do Sul ao Amazonas e o Pará. Na verdade, são 36 hidrelétricas, 10 termelétricas, 2 termonucleares (Angra 1 e Angra 2), 2 parques eólicos, uma de energia solar e 74.000 km de linhas de transmissão - 40,2% do total nacional.

São empresas cujas obras correspondem a várias gerações de brasileiros, e foi com essas que o Brasil saiu da situação de um país de uma economia extremamente atrasada para ter uma economia industrial e construída com o seu, o nosso dinheiro. Ela é responsável pela geração de mais de 1/3 da energia produzida no Brasil.

Segundo dados da própria Eletrobrás, o faturamento da empresa é de 50 bilhões de reais por ano e o lucro líquido dos últimos 4 anos foi de 37,7 bilhões de reais, quase 9,25 bilhões de reais por ano. Caso a empresa seja mesmo privatizada, parte substancial desse lucro vai para fora do país. Hoje, a empresa tem cerca de 12.500 trabalhadores e parte importante deles será demitida, os salários serão reduzidos e os que ficarem terão carga de trabalho aumentada.

Tudo indica que quem vai comprar é um empresa estrangeira, o que caracteriza a entrega da Eletrobrás nas mãos de particulares e, em especial, de estrangeiros, colocando todo o sistema elétrico nacional a mercê de um país estrangeiro.

Paulo Lema, o homem mais rico do Brasil, dono da Ambev e morador da Suíça, no entanto, é um dos candidatos a comprar a Eletrobrás. Ele já arrematou, através da sua empresa Equatorial do Rio Grande do Sul, a distribuidora de energia do estado do Rio Grande do Sul, entregue pelo então governador Eduardo Leite, do PSDB, em 2021.

É uma barbaridade, é uma monstruosidade contra o país. No Brasil, foram feitas algumas das maiores privatizações do mundo inteiro, como o gigantesco grupo Telebrás, Petrobrás, uma das maiores empresas de petróleo do mundo, a Vale do Rio Doce, a siderúrgica brasileira, tudo com o discurso de que o Brasil ia crescer. Nada aconteceu, muito pelo contrário, o Brasil só decresceu, está cada vez mais pobre, a miséria instalou-se em grandes proporções.

Como disse o jornalista Thiago Brasil, vale a pena lembrar que o governo Bolsonaro contratou, sem licitação, o banco BTG (fundado pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes) para calcular os valores da privatização da Eletrobrás por 230 milhões de reais. A realidade, porém, é que o BTG é o maior acionista da Eneva, empresa concorrente da Eletrobrás.

Em termos de comparação internacional e, segundo o economista Uallace Moreira, a NextEra, dos EUA, com 58 GW de capacidade de geração é avaliada em US$ 146 bilhões de dólares. Já a Eletrobrás tem capacidade de geração de 50 GW, opera com apenas 12,5 mil funcionários e atende uma área equivalente a 40 Flóridas. O economista analisa ainda o preço da Eletrobrás, que é a 36ª empresa no Brasil com maior patrimônio líquido e está sendo vendida por 15 vezes menos do que as empresas concorrentes.

O que grande parte dos brasileiros não entende é que o Brasil é um país rico, diferente da Bolívia ou da Índia, mas é escravizado, ocupado. O mercado brasileiro é gigantesco, é um dos maiores do mundo, com 220 milhões de brasileiros. Poucos países no mundo têm essa população. Ele é maior do que a maioria dos países europeus, não é o mais rico, mas é o maior.

O Brasil tem a 7ª maior frota de automóveis do mundo, cujos fabricantes são estrangeiros. O dinheiro vai embora (remessa de lucros) e a conivência dos governos federais permite que uma indústria internacional cresça e apareça, como foi o caso da Gurgel, FNM, Puma etc. Elas vêm aqui e mandam o dinheiro para fora. A siderúrgica brasileira, que foi privatizada, é uma das maiores do mundo, e boa parte do lucro vai embora; até os capitalistas nacionais mandam o dinheiro para fora do país também porque não investem internamente, mas nas bolsas de valores do exterior, na especulação financeira internacional. A siderurgia é uma fonte de renda não para o povo brasileiro, não é para o desenvolvimento do país, mas sim para os capitalistas estrangeiros.

As pessoas pensam o seguinte: se você privatizar as empresas estatais, o país vai continuar rico. Nos EUA, por exemplo, a maioria dos empreendimentos não é privado? É, mas lá há um controle dessa riqueza, no Brasil, não, o dinheiro vai para fora. Na Europa também não é assim, o dinheiro não vai para fora do país, a maior parte do dinheiro fica lá, cria-se um fundo de investimento.

Por que privatizar? Qual o motivo?

E, por último, a energia que já está na estratosfera vai passar para a próxima galáxia.