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O Brasil tem 8 fábricas de tratores, a China tem 8.000

Enquanto o Brasil produz para o agro colheitadeira do tamanho de uma casa, a China produz colheitadeiras do tamanho de uma Kombi para o pequeno produtor, que é quem produz alimento para mim e para você

Edição: 455
Data da Publicação: 23/06/2023

É uma ilusão achar que a agricultura exportadora de commodities é o futuro do Brasil, muito pelo contrário, ela é o atraso. Esse é o pensamento do Brasil colônia, do século passado quando a monocultura do café e do açúcar imperava no país.

Um exemplo dessa realidade é a exportação de carne bovina brasileira, que é cantada em verso e prosa mundo afora, sendo o maior país exportador de proteína animal do mundo.

Pois bem, eles ocupam 60 milhões de hectares, não dão emprego para ninguém, a não ser o frigorífico, e geram para o país o mesmo valor da exportação da Embraer com 13.000 operários em São José dos Campos.

Quem em sã consciência diria que o Brasil precisa colocar mais bois no pasto ao invés de ter uma política industrial?

Por outro lado

A China é o maior produtor de máquinas agrícolas para camponês do mundo. O Brasil tem 8 fábricas de tratores e implementos agrícolas. A China possui 8.000 fábricas. Cada município da China tem sua fábrica de trator. Lá o trator não anda de caminhão como no Brasil, o trator sai da fábrica e vai para a cooperativa de produtores. O filho do camponês trabalha na fábrica de tratores. Há uma inter-relação entre os dois setores.

Na realidade, o chinês desenvolveu toda uma indústria de máquinas agrícolas voltada para o pequeno produtor. Cerca de 90% da indústria brasileira de máquinas agrícolas é de multinacionais. Elas só fazem máquinas grandes para o agronegócio, muitas do tamanho de uma casa, e a máquina que colhe arroz custa um milhão de reais.

Na China, a realidade é outra. A máquina colheitadeira é do tamanho de uma Kombi e, na traseira dela, já sai o arroz ensacado. Por que não temos essas fábricas aqui? Porque nossa burguesia é toda Massey Ferguson, New Holland, Fiat etc. Eles só querem lucros grandes, não pensam no desenvolvimento do país.

Vamos fazer indústrias que desenvolvam o país. Na última visita do presidente Lula à China, esse contato foi feito, mas não para importar, e sim para que a colheitadeira, do tamanho de uma Kombi, seja produzida no Brasil. Para isso, os chineses doaram quarenta unidades dessas máquinas, que já estão chegando agora no início da safra agrícola que começa no fim de julho e início de agosto 2023, para testes em várias regiões do Brasil, como pela Embrapa, pelas universidades, ou seja, quem tem detém conhecimento e pesquisa.

Ao fim da safra, será batido martelo de quais equipamentos mais se adaptaram às condições de clima e solo brasileiro das várias regiões do Brasil, do frio do sul até o sol escaldante do nordeste. A importância desse projeto não fica na fábrica da colheitadeira, mas na indústria que se forma ao redor dela, como pneus, motores, autopeças etc. A ideia é uma joint venture, 50% empresários brasileiros e 50% empresários chineses.

O Nordeste tem 70% dos camponeses do Brasil e não tem nenhuma fábrica de máquina agrícola. E ainda há a possibilidade de os governadores do nordeste entrarem como sócios do empreendimento. A governadora Fátima, do Ceará, chegou a dizer que já até sabia qual o distrito industrial onde seria colocada essa fábrica.

E, para concluir, só faltou dizer que a colheitadeira "Kombi" que colhe arroz na China custa o equivalente a US$ 5,000, cerca de 25 mil reais.