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O contragolpe do marechal Lott

Não existem mais militares como o marechal Lott

Edição: 357
Data da Publicação: 06/08/2021

Marechal Lott, ministro da Guerra do presidente Getúlio Vargas, teve uma passagem crucial na história do Brasil. Com o suicídio de Getúlio em 1954, Café Filho, o vice-presidente assume o governo, mas ele teve um problema no coração, foi internado e se afastou das funções. Assume o então presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Carlos Luz, que começa a conspirar com Carlos Lacerda e a UDN (o DEM de hoje em dia) contra Juscelino Kubistchek, que tinha acabado de ser eleito presidente da República.

Lacerda usa seu jornal, Tribuna da Imprensa, como um agente importante de conspiração, criando um ambiente pró-golpe para que Juscelino não tome posse, não assuma a presidência.

E é aí que o marechal Lott percebe a conspiração golpista em franco andamento, entra em cena e dá um contragolpe com o afastamento do presidente da Câmara, Carlos Luz, que sofreu um infarto e é afastado. O presidente do Senado Federal, Nereu Ramos, toma posse na Presidência da República e garante a posse do presidente Juscelino Kubistchek. Lott permanece como ministro da Guerra de JK. É um período de extrema turbulência.

Tem muita coisa que nos faz lembrar o Brasil de hoje, principalmente esse clima de estímulo ao golpe, esse ambiente golpista. São os antecedentes que temos. É preciso ter muito compromisso com a democracia, sabendo que vamos enfrentar um período difícil.

Lott ainda concorreu à Presidência da República, perdendo para Jânio Quadros. No seu enterro, em 1984, seu grande amigo Sobral Pinto declarou:

"Se tivesse ido para a presidência do Brasil, teria instaurado um governo de legalidade e de respeito à pessoa humana e uma vinculação com partidos políticos, porque era um democrata sincero, inteligente e honrado. Com Lott na presidência, não teríamos ditadura militar durante vinte anos, não teríamos a falência nacional. Nada disso teria acontecido".

Cobrar das instituições que elas façam seu papel, seja o Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal, os políticos ou os partidos políticos, é essencial para que a gente possa sair dessa enrascada que a gente está. Não existem mais militares como o marechal Lott.