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Os problemas de Porto Alegre não foi o clima e nem as chuvas, foi negligência mesmo
Porto Alegre possui Sistema de Proteção Contra Cheias, construído na década de 1970, possui 14 comportas para tentar evitar que as águas do Guaíba invadam a cidade
Edição: 499
Data da Publicação: 11/05/2024
Depois da enchente histórica de 1941, quando o Guaíba atingiu 4,76
metros, Porto Alegre montou
um mecanismo para evitar novas inundações, o Sistema de Proteção Contra Cheias. Construído na
década de 1970, ele é formado por diques, casas de bombas e comportas (entenda
mais abaixo).
Fernando Dornelles,
professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS e doutor em Recursos
Hídricos e Saneamento Ambiental, explica que o sistema tem 68 quilômetros de
extensão e circunda toda a capital do Rio Grande do Sul, impedindo
que as águas do Rio Guaíba (ou lago) invadam as partes baixas da
cidade.
O sistema, desenvolvido
para evitar as enchentes na cidade, envolve o muro da Avenida Mauá (onde fica
parte das comportas), além do muro de concreto no Centro Histórico, casas de
bombas e diques espalhados por diferentes pontos da cidade, como a freeway,
Avenida Castello Branco e as orlas 1, 2 e 3.
O sistema de comportas
O sistema possui 14
comportas para barrar a água do Guaíba. Uma parte está localizada no Muro da Mauá.
As portas metálicas medem até cerca de 5 metros de altura e são fechadas
em momentos de alerta. Para isso, é preciso usar uma retroescavadeira.
Também são colocados sacos de areia para evitar a passagem de água
por alguma fresta. Esse processo pode levar até 40 minutos.
Além das comportas, o sistema também conta com quilômetros de diques (estruturas que funcionam como
barreiras complementares) e as casas de bombas (piscinas
que retêm água até que ela possa voltar para o Guaíba).
"Nesse conjunto,
temos diques de terra, casas de bombeamento e condutos forçados que realizam a
retirada da água de dentro da cidade durante as cheias, e há, ainda, comportas
que fecham as passagens de veículos pelos diques e cortina de concreto (o Muro
da Mauá)", completa Fernando Dornelles.
A cota de seis metros
"Tivemos falhas dos
pontos vulneráveis (comportas e casas de bombas) que permitiram entrada de água
para a área que deveria ser protegida por elas. São estruturas que necessitam
de vistorias, testes e manutenção preventiva periódica. Se não houvesse falha e
se assegurassem que nos diques de terra a cota de seis metros estivesse
estabelecida, a cidade de Porto Alegre estaria protegida", alerta.
Deputado Lindbergh Farias
Segundo Lindbergh, "as verbas federais para a prevenção de
desastres foram reduzidas drasticamente, a partir do golpe de 2016. Conforme
levantamento da ONG Contas Abertas, em 2010 (governo Dilma), início da série
histórica, foram destinados R$ 9,4 bilhões para essa finalidade. Em 2013,
chegou-se a R$ 11,5 bilhões. Em 2017, primeiro ano com orçamento aprovado no
governo de Michel Temer, o montante caiu para R$ 2,8 bilhões. No seu último ano
de governo, Temer deixou R$ 1,5 bilhão para o sucessor, Jair Bolsonaro. Para
2020, previu-se R$ 2,3 bilhões. Para 2021, somente R$ 1,4 bilhão e, em 2022 R$
2,0 bilhões. Para 2023, Jair Bolsonaro previu a mísera soma de RS$ R$ 671,4
milhões" concluiu o parlamentar.