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Governadores bolsonaristas querem taxar o agro
Passadas as eleições, os governadores bolsonaristas Ronaldo Caiado, governador reeleito do estado de Goiás, e Ratinho Júnior, reeleito do estado do Paraná, enviaram projeto de lei às Assembleias Legislativas de seus estados taxando o agronegócio.
Edição: 425
Data da Publicação: 25/11/2022
Que o Agro não é pop a gente já sabe
há muito tempo. Ele não gera abertura de postos de trabalho (mão-de-obra), não
gera recolhimento de impostos, muito pelo contrário, todo produto in natura
que o agro exporta, como soja e milho, não paga ICMS, mas, em função da Lei
Kandir, o governo federal ressarce (paga) ao estado exportador o valor que o
agro deveria ter de pagar. Ele prefere exportar a beneficiar o produto que deveria
ser industrializado aqui, promovendo o desenvolvimento industrial da região,
gerando empregos, renda e impostos e agregando valor ao produto.
Além disso, o Agro, hoje, vive com 348
bilhões de reais (quase meio trilhão) do Plano Safra com juros subsidiados,
juros negativos, enquanto uma pessoa endividada está pagando 10, 12, 14% de
juros ao mês.
Bolsonaristas querem taxar o agro
Passadas as eleições, os governadores
bolsonaristas Ronaldo Caiado, governador reeleito do estado de Goiás, e Ratinho
Júnior, reeleito do estado do Paraná, enviaram projeto de lei às Assembleias
Legislativas de seus estados taxando o agronegócio em seus estados. No estado
de Goiás, a cobrança pode ficar na faixa de 1,65% a 6%. Muitas entidades
agrícolas e de pecuaristas repudiaram a cobrança que visa a criar fundos para
infraestrutura em ambos os estados.
Em função desse projeto de lei de taxação
para commodities do agro e da pecuária, o setor foi além dos protestos
habituais e legítimos. Os ruralistas invadiram o plenário da Assembleia
Legislativa do Paraná durante a votação do projeto de lei, suspendendo a
sessão, a discussão e a votação.
Os ruralistas não quiseram votar no
Roberto Requião porque era do PT. Decidiram votar e reeleger Caiado e Ratinho
Júnior porque era mais garantido. E, para agradecer os votos da reeleição, Caiado
e Ratinho Júnior resolveram taxar o pop agro. Esse fato lembra as eleições presidenciais
de 1990 quando Fernando Collor disse que Lula confiscaria a poupança dos
brasileiros. Lula perdeu para Collor, que, como primeira medida, fez o confisco
não só da poupança, mas todos os valores que estavam em conta corrente também.
A verdade
Quem carrega o Brasil nas costas são os
pequenos produtores rurais, que produzem 70% do que consumimos hoje no Brasil.
Segundo o último censo agrícola do IBGE, 70% do feijão, 34% do arroz, 87% da
mandioca, 60% do leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos
vem da agricultura de pequenos produtores rurais.
Agro não é tech, agro não é pop, agro
é vender para fora. Fortalecer a agricultura familiar é gerar emprego, renda e
qualidade de vida.