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Trabalhador só entenderá tragédia quando buscar seus direitos

População parece anestesiada diante da gravidade que foi a aprovação da Reforma Trabalhista. A maior parte dos trabalhadores entenderão mesmo o tamanho da tragédia apenas quando forem atrás de seus direitos

Edição: 376
Data da Publicação: 17/12/2021

A ideia veio do governo Margaret Thatcher, de maio de 1979 até 1990, que foi criar uma reserva enorme de pessoas desempregadas ou subempregadas, formando uma reserva de pressão que desarticula e tira os recursos dos sindicatos, porque os trabalhadores, desempregados e sem opção de emprego, ficam desesperados e famintos. No Brasil, não está sendo diferente, são 50 milhões de trabalhadores desesperados e famintos e, assim, eles aceitam qualquer coisa - aliás, qualquer coisa é melhor do que roer ossos de frigoríficos e supermercados. Trabalham por qualquer dinheiro, por qualquer coisa e, como é uma enorme reserva de desempregados, quem está trabalhando aceita qualquer condição de trabalho, porque a quantidade de candidatos que quer entrar na vaga dele é absurda e, se ele sair, ele entra no final da fila e nunca mais consegue voltar.

Então, os mandachuvas passam a ter a dominação absoluta sobre o sistema capitalista, sobre a vida do trabalhador, sobre a sua sobrevivência; você não vai ter plano de saúde, salário, você tem que trabalhar não importa se está quente demais, insalubre - se não quiser, tem 1 milhão de candidatos à vaga que vão querer.

E sem articulação sindical, você destrói as relações capital x trabalho em parâmetros civilizados. Aí você cria um país, como o Brasil de hoje, que quem tem emprego faz literalmente qualquer coisa para se manter nele porque não vai ter outro emprego quando existem 15 milhões de desempregados, fora os 40% de trabalhadores que vivem em estado precário de empregabilidade e que estão fazendo bicos. Isso é um plano, estratégias do neoliberalismo de Paulo Guedes, que está fazendo isso de forma metódica, pois é um método de exterminar empregos e controlar as pessoas pela fome e pelo desespero.

Mas essa fórmula não funciona quando existe o pleno emprego, como ocorreu no Brasil nos anos 2010, quando a taxa do desemprego era de 4,4%. Nesse caso, o trabalhador escolhia onde queria trabalhar. Além do mais, existia respeito às entidades representativas dos trabalhadores (sindicatos).

Mas essa fase crítica que o Brasil está passando vai ficar para trás. Ano que vem tem eleições e o brasileiro, tanto o trabalhador quanto o desempregado, poderá escolher que futuro deseja. Viva a democracia!