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Projeto político civilizatório de Jesus
Eu sou discípulo de um prisioneiro político. Jesus foi preso, torturado, julgado por dois poderes políticos e condenado à pena de morte na cruz pelos Romanos.
Edição: 494
Data da Publicação: 29/03/2024
Eu sou discípulo de um prisioneiro político. Jesus foi preso, torturado,
julgado por dois poderes políticos e condenado à pena de morte na cruz pelos Romanos.
Jesus foi considerado blasfemo pelo Sinédrio judaico e subversivo pelo poder
Romano. A pergunta de Frei Betto é: "Que diabo de fé é essa que o cristão diz
que tem, mas que não se compromete com a mudança desse mundo?".
Por que que Jesus foi assassinado cruelmente? Porque, dentro do reino de
César, Ele ousou ao anunciar outro reino possível (Reino de Deus). Alguns falam,
e com razão: o Reino de Deus fica do outro lado da vida. Isso é compreensível, já
que a igreja jogou lá para cima, para poder se acomodar aos poderes desse
mundo.
Nas escrituras, demonstra-se que, na cabeça de Jesus, o projeto do Reino
de Deus é um projeto político civilizatório para este mundo, e a prova disso
está no Pai Nosso. A gente não reza: "levem-nos ao Vosso Reino", mas
exatamente o contrário: "vem a nós o Vosso reino".
Evangelho
de Marcos
Segundo o Evangelho de Marcos, Jesus não veio fundar
uma religião, nem uma Igreja. O Cristianismo veio para nos trazer uma nova
proposta civilizatória: o projeto político civilizatório do Reino de Deus. Não
obstante, essa expressão aparece 122 vezes na boca de Jesus nos quatro
Evangelhos, e a expressão "igreja" aparece apenas 2 vezes, e em um único
evangelho, que é o de Mateus, e que não se referia a essa instituição que temos
hoje. Igreja, em grego, significa "assembleia", o que era um contraponto,
visto que os cristãos estavam sendo expulsos das sinagogas judaicas, pois eram dissidentes.
Eles então formaram o seu grupo e, para não haver identificação com aquela,
começaram a chamá-lo de "Eclésia", que significa "igreja". "Por
essa e por outras, não entendo como um cristão não seja progressista como Jesus
foi", afirma Frei Betto.
Tanto Barrabás quanto Jesus eram ativistas políticos. A
diferença é que Barrabás optou pelo enfrentamento armado e Jesus, optou por minar
por baixo, iniciando uma série de empreendimentos a partir dos pobres. Aliás,
toda a vida de Jesus foi dedicada dos pobres.
Segundo Frei Betto, tanto a igreja quanto a política são
duas ferramentas que servem tanto para oprimir, quanto para libertar, dependendo
apenas de como são aplicadas. O filtro ideológico é que vai dizer qual a linha
a ser aplicada.
O
que é a religião?
Deus não tem religião. Religião é um fenômeno cultural
criado pelo ser humano. Desde que somos homo sapiens, há 250 mil anos,
nós temos espiritualidade, mas não temos religião. A religião é um fenômeno
recente na história da humanidade. As primeiras religiões surgiram há 6 mil
anos antes de Cristo. A analogia que Frei Betto faz é a de que sempre existiu o
amor, e a instituição família é a institucionalização da relação amorosa. Então
o que é a religião? É a institucionalização da espiritualidade. O problema é
que muitas vezes ela se burocratiza tanto, que asfixia a espiritualidade.
Jesus Cristo foi um humanista, progressista e comunista.
Por esses motivos, foi perseguido e violentamente assassinado pelo Estado, pela
Igreja e por conservadores no Monte do Calvário, local situado, hoje, em Israel.