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Como vivem os palestinos na Faixa de Gaza

A Faixa de Gaza tem o tamanho, aproximado, do município de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Itaboraí tem aproximadamente 300.000 habitantes e a Faixa de Gaza tem mais de 2,5 milhões de pessoas, é uma das regiões mais densamente habitadas do planeta

Edição: 470
Data da Publicação: 13/10/2023

A Faixa de Gaza é uma pequena parte da Palestina, que hoje está ocupada pelo exército de Israel. A Faixa de Gaza tem o tamanho, aproximado, do município de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Itaboraí tem aproximadamente 300.000 habitantes e a Faixa de Gaza tem mais de 2,5 milhões de pessoas, é uma das regiões mais densamente habitadas do planeta, e, pior, estão cercadas (dentro da Palestina).

Hoje 80% dos palestinos da FG estão desempregados, é um verdadeiro campo de concentração. Desde 2008, a energia elétrica só é fornecida de 2 a 4 horas por dia. Como hospitais, escolas e a vida das pessoas pode funcionar assim? De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 56% está abaixo da linha da pobreza, metade da população é desnutrida, sofre processo de desnutrição. Metade das mulheres grávidas são subnutridas, metade dos bebês está abaixo do peso mínimo estabelecido pela OMS.

Metade da população precisa de ajuda humanitária de alguma organização internacional para poder comer. Israel agora cerca essa população inteira e começa a bombardear prédios aleatoriamente. Já foram destruídos 5.000 prédios civis.

A água é liberada a cada 5 dias, durante 4 horas, 96% dos poços e mananciais foram envenenados ou destruídos. Segundo a ONU, apenas 10% da água ingerida pela população da Faixa de Gaza é potável. A ausência de saneamento básico atinge cerca de 90% da população. Quase 100% dos jovens nunca saiu de Gaza devido a esse isolamento, o que tem levado essa população a sérios problemas psiquiátricos.

A ajuda humanitária não pode entrar e, quando chegou, o exército de Israel matou oito ativistas diante do manto da impunidade dos países que mandam no mundo e, em especial, pelos EUA que apoiam incondicionalmente o Estado de Israel, uma vez que o grupo sionista que fundou o Estado de Israel é dono das finanças norte-americanas, por isso não faltará dinheiro, mesmo porque papel e tinta os americanos têm de sobra. É importante separar o Estado de Israel e da sua população, a qual não apoia e não aceita a barbárie que vem ocorrendo na Palestina ocupada. Esse governo não tem o apoio do judeu médio do mundo.

Essa população vive com desemprego de 56% e que, na população jovem, chega a 75%. Cerca de 75% vive na pobreza ou na extrema pobreza. Por causa desse bloqueio, a população é impedida do consumo médio diário de calorias para o ser humano pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) e pela OMS. Todos os moinhos de farinhas foram atacados. A única fábrica de ração animal foi destruída. Foram atacadas todas as granjas. Foram atacados todos os hospitais e unidades de saúde, grande parte deles eram da ONU. Foram atacados todos os depósitos de suprimentos e equipamentos de saúde.

Destruíram o aeroporto e proibiram a construção do porto. Além do isolamento por terra, ar e mar existe a impossibilidade da população exercer sua capacidade mínima de sair para algum lugar do mundo. Isso tudo vem sendo revelado em seis relatórios da ONU em que se constatou que a Palestina é rigorosamente uma prisão a céu aberto - aliás, a maior do mundo, além de estar em curso um processo de limpeza étnica. E, por fim, esses relatórios indicam que a vida em Gaza é equivalente a um campo de concentração.

O que a imprensa brasileira vem fazendo com a população é uma campanha midiática de propaganda de guerra contra a verdade e contra o povo palestino. Isso é genocídio midiático. A propaganda de guerra foi proibida por resolução da ONU logo no final da II Guerra Mundial. Hoje essa propaganda, pela sua intensidade e pela capacidade de alcance dos veículos de comunicação (jornais, TVs, rádios, internet etc.), faz com que a propaganda de guerra nazista seja coisa de criança. Isso é a falência das organizações multilaterais ocidentais.

O que está acontecendo na Palestina ocupada é que a população está tão acuada que, vivendo dessa forma, perdeu o medo de morrer.

Solução - Dois estados para dois povos

O professor Michel Gherman é judeu, professor de Sociologia e coordenador do Núcleo de estudos judaicos da UFRJ e tem uma visão mais realista do problema e da solução. Para ele: "Eu sou a favor de dois Estados para dois povos. É uma constituição do pós-guerra, um projeto multipolar, liberal, democrático, de construção de países baseados na relação entre a auto determinação dos povos e domínio territorial sobre fronteiras específicas. Eu acho que a não solução dessa questão desde o pós-2ª Guerra Mundial produz um desafio grande a toda estrutura do sistema internacional. Eu acho fundamental que chegue um acordo para produção de dois Estados, com concessões de parte a parte, mas as concessões maiores vão ser as de Israel, porque ele está ocupando territórios de maneira ilegal, tem fronteiras que não são reconhecidas e tem colônias construídas em terras roubadas. É preciso, nesse sentido, desmantelar essas colônias e produzir uma viabilidade territorial para os palestinos. A ideia de um Estado para dois povos é uma ideia que não é viável agora, talvez seja daqui a uns anos. A decisão mais acertada é a retomada da equação de dois Estados para dois povos. O sumiço dessa solução do mapa político produziu esse tipo de coisa que a gente viu, essa frustração, essa raiva e essa explosão de violência. Quando no horizonte não tem expectativas, as expectativas estão na violência", concluiu o professor.

Fonte: presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil, jornalista Bob Fernandes, professor da UFRJ Michel Gherman e Geoforça.