Voltar

Palestinos enterrados vivos

Sob os escombros, dezenas de palestinos ficaram presos nos prédios derrubados pela força aérea sionista israelense em Gaza

Edição: 477
Data da Publicação: 01/12/2023

A história tem mostrado que ocupar território não significa nada. Os EUA ocuparam o Vietnã por 10 anos e perderam a guerra. Os EUA ocuparam o Afeganistão por 20 anos e perderam a guerra. Em ambos os casos, perderam por guerrilheiros insurgentes de chinelo, aliás é outra semelhança com a força de resistência da Faixa de Gaza. Nos três casos, os guerrilheiros tinham a simpatia e a cumplicidade da população local, uma vez que não se ganha uma guerra longa sem o apoio da população. Nesse tipo de guerra, ocupar território não muda as coisas.

Na verdade, não se sabe onde estão as tropas, elas têm uma mobilidade muito grande. Você está ocupando um território e, de repente, ela surge em outro lugar. Para esse tipo de guerra, como na Faixa de Gaza, a ocupação não serve pra nada. No Afeganistão, a inteligência americana contava com que os guerrilheiros chegassem à capital em pelo menos 10 dias, mas não foi isso que aconteceu. A força de resistência afegã surpreendeu o exército mais poderoso, mais bem equipado e bem pago do mundo pelo menos uma semana antes. Na verdade, eles não "chegaram" uma semana antes, já estavam lá.

Até agora, quase dois meses depois do início da ocupação, o exército sionista de Israel não tem nada a mostrar a não ser o extermínio de mulheres e crianças sendo enterrados vivos sob os escombros de Gaza. Isso só piora a situação dos israelenses ao redor do mundo, perdendo o prestígio que tinham amealhado com os anos e revivendo perseguições que pareciam fazer parte do passado.

Há de se separar o joio do trigo. Não confundir a barbárie que está sendo feita pelo exército do governo sionista de Israel com os judeus. Todo sionista é judeu, mas nem todo judeu é sionista, muito pelo contrário.

Uma parcela grande da população é contra a criação do estado de Israel, os judeus ortodoxos, e outra parte é contra o genocídio que está sendo praticado em Gaza, e essa posição tem sido defendida nas imensas manifestações ao redor do mundo, inclusive em países cuja tradição levou à criação do estado de Israel, como a Inglaterra, manifestações imensas dentro dos EUA, França, Irlanda etc. As manifestações pró palestina em Londres têm deixado o mundo de boca aberta e colocado o governo na defensiva.

Dizem os especialistas em geopolítica que essas manifestações têm sido o maior feito dos grupos de resistência da Faixa de Gaza (são pelo menos quatro grupos: a Jihad Islâmica, a Frente Popular para a Libertação da Palestina, a Frente Democrática para a Libertação da Palestina e o Hamas). Elas colocaram os problemas que os palestinos vêm vivendo nos últimos 75 anos na pauta mundial.

Professor Samuel Braun

O professor de políticas públicas Samuel Braun, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) relatou: "Tinha corpos, gente agonizando, cadáveres e doentes sufocandos, crianças mutiladas, grávidas desmaiadas, idosas chorando". Esse é o primeiro genocídio transmitido ao vivo para o mundo e essa é uma das razões pelas quais a tolerância da comunidade internacional está diminuindo. O tempo está correndo, estamos a 30 dias da virada do ano. O presidente dos EUA, Biden, está ficando em situação muito delicada em 2024 com duas guerras nas costas (Gaza e Ucrânia), por isso o calendário continua correndo contra Israel.

Correspondente de guerra José Arbex

Segundo o jornalista José Arbex, um dos jornalistas correspondentes de guerra mais consagrado por cobrir guerras e conflitos ao redor do mundo, como na queda do muro de Berlin; o conflito da Paz Celestial, na China; Entrevistou Yaser Arafat; entrevistou o então presidente da União Soviética Mikhail Gorbatchov etc.,"Semana passada, Israel mostrou ao mundo um túnel encontrado. Ocorre que, segundo o Ehud Olmert, ex-primeiro ministro de Israel (de 2006 a 2009), esse túnel foi feito por Israel durante o período que ocupava a Faixa de Gaza até 2005. Outro fato confuso para Israel foi que o jornal israelense Haaretz divulgou um relatório da polícia israelense dizendo que não tem dúvidas que os helicópteros Apache de Israel dispararam contra as pessoas que estavam na famosa festa rave na fronteira com a Faixa de Gaza, mesmo porque o Hamas não poderia saber dessa festa, uma vez que ela iria acabar na sexta-feira e, de última hora, pediram autorização para que a festa fosse prolongada e foi autorizada. O mesmo jornal divulgou uma pesquisa que apenas 4% dos israelense acreditam no que Netanyahu diz. Se isso não é derrota, eu não sei o que é", concluiu o jornalista.