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Por que o salário mínimo, no Brasil, cresce tão pouco?

No governo Michel Temer (2017 a 2019) somaram 0,79% acima da inflação. Já com Lula e Dilma (abril de 2003 e janeiro de 2016), o índice teve um aumento real foi de 59,21%.

Edição: 381
Data da Publicação: 21/01/2022

Pelo terceiro ano seguido, o governo Bolsonaro reajustou o salário mínimo apenas pela inflação (que é o que obriga a Constituição), levando para R$ 1.212,00. Isto significa que o poder de compra dos trabalhadores não muda, ou seja, com os reais a mais que vão entrar todo mês no novo valor, é possível comprar os mesmos itens adquiridos com a quantia do ano anterior, já que eles subiram de preço.

Cabe ressaltar, porém, que o novo cálculo do mínimo foi feito a partir de estimativas traçadas em dezembro, que foram menores do que a inflação oficial divulgada em janeiro. Percebe-se, portanto, que, em tempos de pandemia e consequente expansão da pobreza, além de não aumentar, o salário, na prática, diminuiu, porque ficou 0,14 ponto percentual abaixo da inflação. No ano passado, já havia acontecido a mesma coisa: o reajuste foi somente o obrigatório pela Constituição. Em contrapartida, a inflação ficou mais alta do que o previsto e a diferença que ficou pendente deveria ser reposta no novo valor do salário mínimo de 2022.

Tendo em vista essa análise, percebe-se que não houve aumento real ano após ano, pelo contrário: desde quando assumiu a presidência do país, Bolsonaro vem seguindo à risca o abandono da política de valorização real do salário mínimo, que hoje tem o poder de comprar apenas 1,73 cesta básica.

É importante analisar que os reajustes definidos durante o mandato de Michel Temer (2017 a 2019) somaram 0,79% acima da inflação. Pode-se perceber, portanto, que se trata de uma decisão política. Embora tenha cumprido a Constituição, a diretriz do atual governo foi não aumentar o salário além do que é obrigado por lei. Antes, somando as gestões de Dilma e Lula (entre abril de 2003 e janeiro de 2016), o índice teve um aumento real de 59,21%.

A repórter Gabriela Moncau conversou com a economista Juliane Furno sobre os motivos dessa diferença: "Levava-se em consideração que, para além de não terem perda pelo processo inflacionário, os trabalhadores - como são quem produz a riqueza social - deveriam se beneficiar do ganho econômico", disse.

Bolsonaro esquece que é essa massa de assalariados que movimenta 70% do comércio dos municípios brasileiros. O salário mínimo é o que as prefeituras pagam não só para a maioria dos servidores municipais, mas também para pensionistas e aposentados, e também pressiona os níveis salariais das carreiras municipais. Em Miguel Pereira, por exemplo, são 42 níveis salariais com um percentual entre cada nível. Assim, o nível 1 (um) interfere em todos os servidores municipais e, quando se tem um salário mínimo baixo, ele refletirá em todos os níveis salariais municipais.

O mesmo acontece em relação ao INSS com seus aposentados, pensionistas e os beneficiados pelo Benefício de Prestação Continuada. Essa política de arrocho salarial está afetando diretamente a economia das cidades e do país.

 

Fonte Brasil de Fato