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Os determinantes do preço dos combustíveis
E como a estrutura industrial que compõe o setor petroleiro tem tudo a ver com o comportamento do preço.
Edição: 369
Data da Publicação: 29/10/2021
Que o preço dos combustíveis está caro, todo mundo sabe. O que
escondem de você é que o litro da gasolina poderia custar R$ 3,95 e não é por causa
dos impostos que a gente está pagando mais caro no combustível, o culpado é o
PPI - Preço de Paridade de Importação. É a política de preço que o governo
escolheu para a Petrobrás calcular o valor da gasolina, do gás e do diesel.
Além de cobrar em dólar, a empresa segue o preço do barril no exterior e, ao
simular a importação de um produto que é extraído aqui no Brasil, adiciona
custos fictícios, como taxas portuárias e de transportes (de um produto que não
saiu do Brasil).
94% do petróleo é nacional
Sem o PPI, a Petrobrás poderia reduzir de R$ 2,00 para R$ 1,17 o
litro da gasolina na refinaria, que faria um efeito dominó jogando para baixo
os demais custos, isso porque a maioria dos impostos é calculada a partir do
preço definido pela Petrobrás, como é o caso do ICMS. O PPI é comum em países
com pouco ou nenhum petróleo, ele não faz nenhum sentido no Brasil, em que 94%
do petróleo refinado pela Petrobrás é nacional e, com o Pré-Sal, batemos
recordes de produção (2004, eram 2,077 milhões de barris por dia e, em 2021,
3,045 milhões de barris/dia, aumento de 47%) e o custo de produção fica menor
ano a ano (em 2011, US$ 12,26; em 2021, US$ 6,51).
O PPI é péssimo para o Brasil e ótimo para as
multinacionais. Diferente da Petrobrás, empresas como a Shell e Chefron não
investiram em refinarias, por isso importam muito mais petróleo, o que encarece
seus produtos. Com o PPI, esse problema acaba e a Petrobrás é obrigada a seguir
os mesmos preços do mercado internacional, abrindo espaço para que todo o setor
lucre com o sofrimento do povo brasileiro. Isso não é livre concorrência, isso
é sabotagem. Mais do que torcer para que o dólar caia, devemos exigir o fim do
PPI e da privatização da Petrobrás. A venda das refinarias - que desde 2015
produzem abaixo de sua capacidade - reduz o Brasil a mero exportador de óleo
cru, e era assim no século XIX com o café exportado em grão. Não é esse o país
que queremos. Revertendo essas medidas, a Petrobrás volta a ser protagonista no mercado interno e volta
a atuar como uma estatal de verdade, garantindo preços justos para a população
e não a vida fácil das multinacionais. Quem ganha com isso? A Petrobrás e o
Brasil. A Petrobrás é dos brasileiros.
Economista Paulo Gala
A Petrobrás, por ser uma empresa que detém o monopólio de
fato, coloca seu preço no valor que ela desejar e, por isso, a Petrobrás talvez
seja hoje uma das empresas que mais lucra no Brasil, perto de 150 milhões de
reais/ano, e essa é a discussão. A gasolina, tendo um preço adequado à economia
brasileira, não daria um lucro de 150 bilhões, mas sim de 70 ou 80 bilhões, o que
já seria um dos maiores do país. Na verdade, esse preço faz com que o
consumidor de gás, diesel e gasolina transfira para quem tem riqueza e tem
dinheiro investido na Petrobrás (os acionistas).
Economista Ualace Moreira
Temer mudou o Conselho Administrativo da Petrobrás, tirou
vários especialistas, inclusive representantes da empresa, e colocou ali
representantes dos fundos financeiros e de grupos de importadores de derivados
que vão decidir pela Petrobrás, que estão orientando a política da Petrobrás, e
eles incorporam duas medidas: a política de preços (PPI) e o desmonte da cadeia
produtiva da Petrobrás. Depois que a refinaria Landulfo Alves,
na Bahia, foi privatizada, sua produção caiu vertiginosamente, obrigando
o país a ter que importar e com o preço do barril e o dólar em alta, transformando
a situação em uma bomba relógio em que a Petrobrás deixa de ser um instrumento estratégico
para o país. E não se pode esquecer que o preço do petróleo tem seu aspecto
especulativo no mercado internacional.
Economista Elias Jabbour
Com o preço do gás de cozinha perto de 100 reais, é do pobre
que está sendo tirado o couro para o acúmulo de capital dos ricos. Tem sido
mais perverso do que na Inglaterra.
Economista André Roncaglia
Bangladesh, por exemplo, considerado como um dos países mais
pobres do mundo, onde o microcrédito surgiu com o economista Yunes, estatizou e
foram utilizados recursos para fazer um processo de desenvolvimento bastante
acelerado, alcançando um avanço substancial do país em termos de
desenvolvimento e melhoria do nível de renda. O que Bangladesh não fez? Ela não
desnacionalizou suas indústrias estratégicas do setor energético, como manda o
receituário internacional.
Fonte: Sindpetro