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O início da República

A traição de Deodoro da Fonseca

Edição: 527
Data da Publicação: 21/11/2025

Em 1889, Deodoro da Fonseca virou as costas para a honra, rompeu a lealdade e feriu o próprio coração do império ao trair Dom Pedro II. Com um golpe militar silencioso e frio, abriu não só as portas do progresso, mas um abismo, um Brasil lançado às trevas, não pela vontade da população, mas pela sombra de ambições ocultas.

Dom Pedro II era reconhecido como um dos soberanos mais cultos de seu tempo, respeitado por monarcas e cientistas, estadistas e pensadores do mundo inteiro. Era recebido nos palácios da Europa como um igual entre os imperadores e admirado como um intelectual em um trono.

Sob seu governo, o Brasil mantinha a estabilidade, ordem e uma das marinhas mais poderosas do hemisfério, garantindo soberania, respeito internacional e um futuro que então parecia inabalável. 
Mas essa confiança foi traída e o traidor não permaneceu no poder. A mesma engrenagem conspiratória que o ergueu o destruiu sem piedade. Entre disputas internas, crises sucessivas e alianças feitas nas sobras, Deodoro caiu consumido pela mesma escuridão que ajudou a libertar. 

E o Brasil?

Afundou-se em um labirinto de instabilidade, levantes militares, golpes sucessivos e interesses mesquinhos. Ditaduras envolveram a nação em um véu de ferro, silenciando vozes, apagando esperanças. Políticos oportunistas encontraram, nesse caos, terreno fértil para redes de corrupção que se estenderam por gerações.

E, que fique claro, não estamos falando de direita ou esquerda, liberalismo ou socialismo, nem defendendo qualquer partido ou ideologia moderna. Estamos falando de história, da ruptura violenta de um sistema estável, do preço que um país inteiro pagou pela ambição de poucos.

Resta a pergunta que ecoa até os dias de hoje: valeu o preço dessa liberdade? Ou trocamos a luz de um imperador sábio por trevas intermináveis em que a traição se tornou hábito e a instabilidade, destino?

Olhe para trás, não com nostalgia alegre, mas com a sobriedade de quem encara um fantasma. A ferida aberta em 1889 ainda sangra e as sobras dessa ruptura continuam a assombrar o Brasil.