A Festa

Quando esperamos o cair da tarde...

 21/04/2023     Marcelo Mourão      Edição 446
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O espelho do quarto refletia seu rosto enquanto se arrumava para a Festa. Da janela do quarto eu avistava a Praia repleta de gente cobrindo a areia branca como se fosse um ritual de paz e esperança. Olhares aflitos, olhares apaixonados, olhares angustiados, olhares magoados e ainda do espelho, seu rosto refletido ora olhava no relógio, ora olhava na janela e, de vez em quando, olhava para mim.

Senti, de repente, que uma leve brisa entrou pela janela do quarto, pegando carona na maresia com a cor do pôr do sol.

As roupas jogadas sobre a cama refletiram o brilho do seu olhar no espelho, e, em fração de segundos, a leve brisa que entrou pela janela beijou o seu rosto, que abriu um sorriso enquanto você pegava o perfume preferido para aquela noite.

O jato do perfume cruzou com o raio de sol do fim da tarde que entrava pela janela, e um arco-íris em miniatura ficou refletido no seu olhar.

Uma cena de novela, imóvel, ficou instalada no quarto.

Congelados pela emoção e pela espera da Festa, depositamos naquela noite a esperança de novos tempos, de novos dias, de novas alegrias, de renovação.

Eu já estava pronto e você também. Todos lá fora, na Praia, aguardavam ansiosamente o brilho dos fogos no céu.

Pegamos o champagne, descemos pelo elevador, atravessamos a rua e aguardamos o passar das horas, dos minutos e dos segundos.

Meia-Noite! Olhares cruzados, beijos apaixonados, tendas espalhadas pela praia iluminadas pelas velas na areia, rosas, flores, corações flagrados, corações confusos, abraços e beijos amigos, previsões, alegrias, esperanças, renovação, perdão, amizade, tudo se misturava na areia com as gotas do champagne escolhido para o brinde.

Pessoas perdidas, pessoas apaixonadas, pessoas sozinhas, todas juntas, num aglomerado de esperança pela busca da paz e do amor.

Nós, sentados à beira da praia, embaixo da árvore combinada para o ponto de encontro, ficamos observando as pessoas que passavam, bebiam, caíam, sorriam, choravam e falavam com a gente como se fôssemos todos conhecidos.

Caiu a tarde e a noite se preparou para o brinde do mar de champagne com o brilho do olhar de esperanças. Era madrugada! Começou a música preferida e seu olhar brilhou.

Estávamos na Festa... E como foi bom!