Mulheres da Terra

Quando o suor rega o chão...

 20/05/2023     Marcelo Mourão      Edição 450
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Para aquelas que acordam ainda com céu escuro, para preparar o solo ou a barraca da feira

Para aquelas que não têm hora para dormir, mas têm para acordar

Para aquelas que, mesmo doentes, ficam à beira do fogão para fazer a mamadeira do filho e a marmita do marido

Para aquelas que, mesmo sofrendo, emprestam um sorriso no dia a dia feliz

Para aquelas que jogam a semente, regam e colhem o fruto para o pão nosso de cada dia

Para aquelas que, mesmo com a falta de chuva e excesso de sofrimento do solo, sem colheita, mantêm a fibra e sustentam o alicerce da família

Para aquelas que, atravessam dias e noite, de sol a sol, sol a pino, frio intenso, fazendo de um pedaço de pão e de um café gelado um banquete, porque não podem se afastar da plantação e não têm tempo para ir em casa

Para aquelas que são pai e mãe ao mesmo tempo e que são psicólogas de suas próprias famílias

Para aquelas que dão à luz na incerteza do futuro

Para aquelas que viram o calendário sem conseguir diferenciar o limite dos anos

Para aquelas que nunca passaram um batom, fizeram o cabelo ou colocaram uma roupa melhor

Para aquelas que brindam com água a safra conquistada com sucesso

Para aquelas que molham com lágrimas a safra derrotada

Para aquelas que brindam com força, fé e fibra, para continuar de pé, resgatando o tempo perdido

Para aquelas que acreditam na vida

Para aquelas que não acreditam na fome e sim na esperança e na luta

Para aquelas que fazem da vida o verdadeiro instrumento da caminhada

Para aquelas que não vivem e sim sobrevivem

Para aquelas que pegam firme com o marido na lavoura para permitir que os filhos frequentem a escola

Para aquelas que ficam à frente da batalha nos confrontos e lutas pela posse

Para aquelas que podem transformar a terra

Para aquelas mulheres e, principalmente, para as que trabalham no campo, o reconhecimento eterno por sua importância na sociedade.

Para elas o agradecimento pelo amor, suor e fé que, misturados à terra, fazem do nosso chão orgulho pela sobrevivência com brinde ao sol e à lua que testemunham a virada do dia e da noite, acompanhando o crescer da lavoura, o ir e vir dos cidadãos, das sementes e dos frutos.

Para aquelas mulheres da terra que honram o nosso chão!