O acarajé de Paty é um dos melhores que existe
Todo sábado, na feira de Paty, num cantinho do restaurante Seu Bié
14/02/2025
Culinária
Edição 517
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Já virou romaria clientes até de Miguel Pereira irem à
Feira Agroecológica de Paty para saborear o melhor acarajé do Brasil. Seu
Zelito, um baiano radicado em Palmares há mais de 32 anos, resolveu tirar do caderninho
de receitas um segredo de família que pouquíssimas pessoas sabem. Sua filha, Raísa,
porém, dá algumas pistas para explicar o sucesso do acarajé do seu Zelito de
Paty.
Raísa diz que, hoje em dia, a maioria das barracas de
acarajé compram a massa pronta (a massa é o que dá trabalho), para não ter que
fazer todo esse processo de preparo. Seu Zelito é quem faz sua massa. Chegou
até a comprar uma máquina, mas a receita não ficou boa como ele queria e deixou
de lado. A filha explica: "Por exemplo, a massa que vamos consumir hoje
começou a ser feita na semana passada, quando seu Zelito coloca o feijão
fradinho de molho por uma semana. Isso dá leveza e frescor à massa, que fica
crocante e saborosa".
Outra pista que Raísa dá é quanto aos camarões que vêm
no acarajé do seu Zelito: "Nós não usamos camarão seco como em quase todas
as barracas de acarajé do Brasil, nosso camarão é fresco, frito no dia. Ele dá
mais trabalho e a chance de perdermos camarão que não vender é grande, mas
optamos por correr esse risco, porque o acarajé fica muito mais saboroso".
É verdade, essas duas pistas têm feito a diferença e é difícil comer um só,
mesmo porque o preço (R$20,00) é bastante razoável e convidativo diante de
tantos detalhes.
Simone
"Há pouco mais de um mês, descobrimos o acarajé de
seu Zelito, e, desde então, temos vindo todo sábado atrás dessa iguaria. Meu
marido e eu não conseguimos sair daqui sem comer pelo menos dois acarajés cada
um. Já comi acarajé na Bahia, no Rio e em São Paulo, mas, como esse do seu
Zelito, não existe. Toda semana trazemos um amigo que fica surpreso com o
produto".
Seu Zelito
O trabalho de seu Zelito vem de longa data em Palmares,
onde faz a famosa Festa da Cocada de Palmares, que acontece todo mês de
setembro e, este ano, vai para a 9ª edição. ´
Segundo uma das fãs da cocada de Palmares feita por
seu Zelito, a diferença está na cremosidade da cocada branca ou a preta. Ela
não é daquelas quebra-queixo, muito pelo contrário, é bastante macia, suave e
molhadinha e seu Zelito não economiza no coco.
A homenagem ao Seu Bié
A barraca do acarajé fica no cantinho do restaurando
do Seu Bié. O nome do restaurante é uma homenagem ao homem mais famoso
de Palmares, o seu Bié. Raísa é casada com Guilherme, quarta geração da família
de seu Bié, segundo o historiador Lauro Siqueira, o Guardião de Paty. Ele é
bisneto do seu Tião Cutelo, que era pai do seu Bié. Seu Cutelo tinha um moinho
de fubá movido pela força da água, que movimentava duas pedras cuja trepidação
ele regulava durante a moenda do milho em vários tamanhos de fubá.
Seu Bié tinha uma venda onde recebia todos com muito carinho.
Ele tinha preocupação com toda a comunidade de Palmares.
A conta de luz de seu Zelito
Certa vez, seu Zelito tinha acabado de chegar a Palmares
e, quando foi pegar a conta de luz no estabelecimento de seu Bié, (todas as
contas de luz eram entregues lá), ela já estava paga e seu Bié explicou: "Paguei
pra você, porque está chegando em Palmares agora", disse o acolhedor Bié.
Segundo o historiador Lauro Siqueira, seu Bié era o cara!