Transtorno Ejaculatório
Eu achei que era brincadeira, porém não era. Certamente, aquilo o incomodava e ele já foi logo avisando sobre o seu "caso".
12/11/2021
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 371
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Quando era mais nova, eu namorei um cara que não conseguia chegar ao
orgasmo durante o ato sexual. Eventualmente, com muita persistência, ele
conseguia chegar ao clímax com sexo oral. Ele sempre, a vida toda, havia tido
orgasmos se masturbando, sozinho ou acompanhado. Se acompanhado, ele
interrompia a penetração e iniciava o movimento masturbatório até ejacular.
O mais curioso - para não dizer engraçado - foi que ele me avisou sobre
essa particularidade no dia em que nos conhecemos. Eu achei que era
brincadeira, porém não era. Certamente, aquilo o incomodava e ele já foi logo
avisando sobre o seu "caso". Para nossa sorte, eu não tinha problemas em parar
o ato sexual para que ele se masturbasse e, assim, atingisse o orgasmo. Eu me
masturbava junto e ambos terminavam felizes.
Isso funcionou por 1, 2, 3 meses; mas chegou um momento em que eu
literalmente enchi o saco. Desejava ter um sexo mais fluido, onde eu não
tivesse que parar todas as vezes para que ele fizesse seu "trabalho" sozinho.
Gostaria de ter a chance de talvez atingir o clímax juntos, gostaria
simplesmente de não ter que interromper o que estava tão bom e de sentir seu
gozo jorrando dentro de mim. Resolvi pesquisar sobre o que acontecia com ele,
pois o fato dele não conseguir gozar durante a penetração, com nossos corpos
unidos, suados e pulsando juntos, passou a ser extremamente angustiante para
mim, causando uma insatisfação na nossa vida sexual e, consequentemente, na
nossa relação.
Isso tudo aconteceu muito antes de eu pensar em estudar sexologia.
Porém, eu corri atrás e descobri que ele sofria de anejaculação no ato
sexual. Ele tinha um transtorno ejaculatório e só́ conseguia atingir o orgasmo
se masturbando pois havia se acostumado com aqueles movimentos que apenas ele
sabia fazer. Em bom português, havia se viciado na punheta.
Na época, pensei que diversas mulheres teriam muita dificuldade em
lidar com aquela situação, pois eu já tinha consciência da falta de comunicação
entre os casais, da falta de intimidade na cama e que muitas mulheres não se
masturbam na frente de seus parceiros. Além disso, naquele relacionamento,
aquilo era uma necessidade para que ele conseguisse ejacular e deixou de ser
prazeroso para mim. Tudo que vira obrigação na cama perde a graça, deixa de ser
leve e gostoso e passa a ser algo ruim.
Tentei ajudar meu ex com o pouco que eu sabia, aconselhei a procurar
terapia, entender os fatores psicológicos, e talvez fisiológicos, por trás daquela
disfunção. Como eu já esperava, ele foi resistente à ideia e não quis se
tratar. No fim, o namoro não foi pra frente e eu considerei aquela como uma
experiência interessante, porém, sofrida. É aquela máxima: vivendo e
aprendendo...
Não poderia terminar este texto sem deixar um recado importante:
Homens, não hesitem em procurar ajuda se vocês tiverem alguma questão de ordem
sexual. A vida é tão melhor quando temos coragem de encarar estes problemas de
frente. Tenham um ótimo fim de semana!
Clarissa Huguet é
bacharel em Direito, mestre em Direito Internacional pela Universidade Utrecht,
pós-graduada em Educação Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no
Instagram @sexualize_se - Contato (21) 99701-7225