Colapso na saúde da região

100% dos leitos estão ocupados e a possibilidade de agonia e morte nas emergências por falta de respiradores é real

 18/12/2020     Saúde Pública      Edição 324
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Em comunicado inédito e corajoso, o diretor-geral do Hospital Universitário de Vassouras, Dr. Marcelo Augusto Paiva, do hospital que é referência para toda região, fez em vídeo um apelo dramático para que a população entenda que o momento que a região passa é gravíssimo e dificílimo em função da pandemia.

O Hospital Universitário de Vassouras é referência e possui 50 leitos de UTI específicos para COVID-19 e todos estão ocupados, assim como os leitos privados de terapia intensiva. Dr. Marcelo fez um apelo para que a população tenha cuidado, use máscara, faça distanciamento social, lave as mãos e evite aglomerações e festas. O diretor informou também que o presidente da Fusve Marco Capute já determinou a suspensão das aulas, cuidados e rastreamento dos funcionários dentro da instituição e home office.

Pessoas agonizando

Marcelo Paiva alerta que pode chegar o momento em que pessoas estarão agonizando nas emergências sem vaga na UTI, sem o suporte de um respirador. É preciso cuidado com a doença que retornou agora em uma segunda onda de forma ainda mais agressiva e com uma disseminação extremamente maior, com contaminação tanto nas ruas quanto em casa, e pessoas estão morrendo por isso.

Dr. Marcelo termina pedindo a ajuda da população, uma vez que sem essa ajuda "teremos sim pacientes morrendo sem ter a possibilidade de suporte [médico], sem possibilidade de podermos dar a estrutura adequada ao paciente contaminado por COVID".

No Brasil, três Chernobyls

A pandemia já matou no Brasil três vezes mais gente que a radiação liberada pela explosão do reator nuclear de Chernobyl, da União Soviética, desde 1986. Segundo um artigo do International Journal of Cancer, as mortes ficaram entre 30 mil e 60 mil, como informou Elio Gaspari.

No segundo país do mundo no ranking da COVID, em que a marca superada é de mais de 180 mil mortos na pandemia, brasileiros vivem em tensão permanente, sem saberem quando será a vacinação.

Na região, com 50 novos casos por semana, chegamos aos 3.000 casos

Em Miguel Pereira, Vassouras, Mendes, Paulo de Frontin e Vassouras não é diferente. Essa semana chegaremos à marca dos 3.000 infectados, parte curados. Todos os dias a região tem novos infectados e uma média de 50 novos casos toda semana. O advento das eleições fez com que a administração pública cedesse à pressão e flexibilizasse a abertura de inúmeros segmentos da economia, o que acarretou a superlotação dos hospitais e emergências como consequência.

Em Miguel Pereira, as igrejas de Vera Cruz já tinham decidido suspender os cultos presenciais. O domingo foi marcado pela visita de três ambulâncias e agentes de saúde. Semana passada foi marcada pela morte de três importantes pastores da cidade. Infelizmente, considerando o comportamento da população, a tendência é piorar. Falta o entendimento de que só se para a transmissão com o distanciamento. O uso da máscara é o último recurso para quem precisa sair de casa.

A vacinação é fundamental para que o contágio cesse e para que a economia possa voltar gradativamente. As universidades públicas anunciaram que aulas presenciais voltarão somente em março de 2021, mas, efetivamente, poucos acreditam que vá ocorrer.

Médicos do Hospital Universitário de Vassouras, consultados pelo Jornal Regional, afirmam que 2021 será um ano pior que 2020, e que o HUV está se preparando para esse quadro dramático. Com a balbúrdia da vacina, poucos acreditam que ela ocorrerá a curto prazo através de uma coordenação federal, pois faltam compra das vacinas e seringas e logística para um país continental. Já há municípios no estado do Rio, como Maricá e Niterói, se adiantando e comprando as doses necessárias aos seus moradores.

Em Maricá, a vacinação começa em janeiro

Maricá assinou um termo de entendimento com o Instituto Butantan para compra de 440 mil doses da vacina Coronavac contra a COVID-19. A vacinação começa em janeiro de 2021 e já está sendo feito o plano de imunização da cidade.

Enquanto isso, a contaminação continua de forma mais agressiva que na primeira onda.

Na América Latina

Argentina e a pequena Bolívia já encontraram a fonte de custeio para enfrentar uma pandemia que vai durar alguns anos. Os dois países estão se preparando para defender as empresas, os empregos e, sobretudo, a economia de seus países. A tempestade ainda não chegou. Lá, foi aprovado o imposto sobre grandes fortunas, então, nesse momento, quem tem mais deve contribuir com mais. Só a Bolívia vai arrecadar um imposto anual sobre fortunas superior a US$ 4,3 milhões.

Na Argentina, a iniciativa prevê a arrecadação de 2% do patrimônio de pessoas que tenham declarado patrimônio superior a 200 milhões de pesos até a data da promulgação da lei; os 15.000 mais ricos serão taxados para ajudar os 16.000.000 mais pobres. O imposto argentino concederá subsídios à pobreza e empréstimos às pequenas e médias empresas, entre outras ajudas sociais de emergência.