Gozar: RELAXA. Já cansei de falar e repito: nosso corpo é todo erógeno
RELAXA. Já cansei de falar e repito: nosso corpo é todo erógeno
20/08/2021
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 359
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Nas
minhas publicações, falei sobre gozar. Falo sobre ter prazer na vida, e na
última sobre o (verdadeiro) dizer de uma bolsa que comprei: "Quem goza não
incomoda".
O
nosso amigo Aurélio definiu o verbo gozar como: desfrutar, aproveitar,
deliciar-se, deleitar-se.
Vivemos
tempos importantes de autoconhecimento e libertação sexual. Vulva, clitóris e
vagina têm ocupado lugares chave tanto no campo teórico, pois nunca se estudou
tanto sobre essas partes de nossos corpos, como no campo real e sensorial. As
mulheres têm se apropriado - ou ao menos tentado - de seu corpo prazeroso e
vivenciado mais a sua sexualidade em busca de prazer.
Porém,
junto com esse movimento lindo de empoderamento, força e deleite, tenho visto o
surgimento de uma tal "ditadura do orgasmo" que tem me incomodado.
Mulheres
preocupadas em nomear tipos de orgasmo, frustradas por não conseguirem ter o X
ou Y e se cobrando o tempo todo, como se esse fosse o fim maior neste vasto
mundo que é a sexualidade humana. Além disso, o foco sempre na genitalização é
uma constante.
Assim,
deixo aqui a minha mensagem: RELAXA. Já cansei de falar e repito: nosso corpo é
todo erógeno. Se olharmos somente para a nossa genitália como fonte única de
prazer, estaremos perdendo uma enorme chance de maximizar as várias sensações
prazerosas que nosso corpo pode nos proporcionar com o estímulo de outras áreas
distintas da genital. Quem já recebeu a sensitive massagem (tantra), sabe do
que estou falando.
Aqui,
Ovídio não tem razão: o fim não justifica o meio. Por vezes, a caminhada pode
ser muito mais gostosa e orgástica do que um orgasmo bobo ao final, aquele que
você mal sente e fica até em dúvida se teve. Não foque desesperadamente no
atingimento do clímax, foque em outras áreas como a nuca, pescoço, parte
interna de coxa, dobras dos cotovelos e joelhos, pés... e vá com calma. Quanto
maior a carga de excitação que seu corpo receber, maiores serão as sensações
prazerosas. Não se esqueça também que o nosso tempo de excitação é muito maior
que o dos homens - isso tem razões fisiológicas, além, é claro, das
psicológicas e emocionais.
Como
disse: dê uma forcinha para o desejo, para o prazer e não lute contra a sua
natureza.
Clarissa Huguet é
bacharel em Direito, mestre em Direito Internacional pela Universidade Utrecht,
pós-graduada em Educação Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no
Instagram @sexualize_se - Contato (21) 99701-7225
Foto:
@malichskin