Dois Nobres do Sul Fluminense e sua participação nos movimentos pró-Independência do Brasil
Texto especial sobre a nossa Independência
09/09/2022
Historiador Sebastião Deister
Edição 414
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1 - Ações do
Marquês de São João Marcos
Ao longo da trajetória da família Paes Leme pelas
terras adstritas ao Vale do Paraíba, destacaram-se vários personagens nascidos
do casamento de Garcia Rodrigues Paes com a prima Maria Antônia Pinheiro da Fonseca.
Dentre os vários descendentes do casal, importa-nos, no momento, o neto
Fernando Dias Paes, casado com a portuguesa Francisca Peregrina de Souza e Melo
com ela gerando nove filhos. Pedro Dias Paes Leme, o primeiro filho do casal
Fernando/Francisca, veio a ser uma das figuras mais ricas e conhecidas no
Brasil ao longo do século XIX, em especial na área do Sul-Fluminense
circunscrita pelas Freguesias de Sacra Família do Tinguá, Vassouras e Paraíba
do Sul, estendendo ainda sua influência para a atual região do Município de Rio
Claro.
Assim, o único filho de Francisco e Ana Matilde recebeu
o respeitado nome do pai e o famoso sobrenome da mãe. Ainda muito jovem, seguiu
para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao estudo de Humanidades no Seminário
São José, mas, por razões de saúde, logo retornou para Paty com a intenção de
dedicar-se à lavoura cultivada pelos pais sobre as plantações implantadas
anteriormente pelo avô Inácio.
Francisco tornou-se, em terras patienses, um
poderoso senhor de fazendas e pai de família exemplar, abastado e generoso. Além
de militar dedicado e perseverante em suas funções, consagrou os melhores anos
de sua vida à Pátria, que punha à frente de todas suas atividades, e ao
Imperador, a quem devotava uma lealdade profunda e sem meias medidas. Por
conseguinte, desde a época da Independência do Brasil - quando contava apenas
27 anos - o então Tenente da Cavalaria de Milícias avançou com impressionante
rapidez em sua carreira de armas: foi Deputado Provincial pelo Rio de Janeiro e
Comandante da Guarda Nacional de Vassouras e Paty do Alferes.
Em 12 de junho de 1822, contagiado pelos movimentos
de buscavam a independência do Brasil, assinou um manifesto de peso elogiando o
Dia do Fico publicado no número 76 da Gazeta do Rio em 25 de junho seguinte, apoiando
irrestritamente a causa de D. Pedro I, e cooptando o esteio humano e político
de dois outros vereadores de Paty (Manoel Antônio Barboza e Antônio Delfim Silva)
ao lado de dezenas de próceres vassourenses. Posteriormente, participou com
destaque no cerco do então chamado "Quilombo de Paty" e na luta travada contra
os negros fugidos das Fazendas de Paty, nos finais de 1838, durante a rebelião
comandada pelo escravizado Manoel Congo. Com o passar dos anos, tornou-se
íntimo amigo de D. Pedro II, a quem recepcionou com um banquete em seu solar em
Paty do Alferes no ano de 1859.
Imagem - Cópia do manifesto assinado pelo barão de
Paty apoiando a causa da Independência. Observe com atenção o terceiro
parágrafo