Meu Scoobi partiu

Faz mais de um mês que a dor da perda se faz presente todos os dias

 06/09/2024     Sexóloga Clarissa Huguet      Edição 510
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Meu amor peludo não morreu de velhice, como deveria ter sido. Lutou (lutamos) bravamente contra um câncer de bexiga que foi, invariavelmente, se alastrando. O amor, carinho e somatório de cuidados dispensados a ele fizeram, porém, com que ultrapassasse a estimativa de vida, que era de um ano, em dez preciosos meses. Fiz tudo que eu pude neste tempo, tudo.

Que falta você me faz... todos os dias. Me ensinou tanto sobre o amor, sobre ser uma pessoa melhor, sobre cuidar? sempre pronto para receber um carinho, dar carinho. Descia as escadas rebolando, jogando o bumbum de lado e abanando o rabinho. Como adoro quando esta imagem me vem à cabeça, me arrancando um sorriso. Aliás, são tantas as memórias. Agora que a dor não me dilacera com tanta intensidade, as boas lembranças estão encontrando o caminho e voltando a aparecer. Venham, venham sim!

O sentimento de luto é tão forte quanto o amor que eu nutria por você, meu Scoobi. Tive o privilégio de ter você ao meu lado por onze anos, quase doze. Você era tão pequenino quando eu te adotei. Aprendi a te adestrar para eu mesma ter este prazer. E como deu certo! Meu Scoobi foi um cão de vida livre. Andava sem guia, adestrado por mim para poder viver assim, mais livremente.

Cresceu na lagoa Rodrigo de Freitas, na Praça Pio XI, no Jardim Botânico, na praia de Ipanema e Leblon. Na praia, ia de grupo em grupo pedindo carinho e descolando uma sombrinha. Era famoso nas redondezas! Todos conheciam o Scoobi. Vivia no parCÃO com seus AUmigos. Adorável vira-lata caramelo.

E é assim que você está agora, meu amor, livre de novo... da doença que te limitava, da dor que te machucava. Você viveu uma vida de aventuras, ia pra todo canto. Como viajou! Mamãe nunca te deixava pra trás. Éramos sempre nós dois.

Você estará sempre vivo dentro de mim, guardado nas minhas lembranças e no meu coração.

Como disse uma pessoa querida que também acabou de perder o seu amor canino: 

"Mamãe, para de chorar, amar é mesmo para os fortes. Tô daqui cuidando. Fui amado, cuidado e paparicado ao extremo. E cuidei. Confiei, amei desmedidamente. Então permaneço. Amor não desmaterializa, ele flui."