Ecos da sala vazia e o bouganville do jardim
No canto da sala ainda restava uma caixa para a mudança
13/01/2023
Marcelo Mourão
Edição 432
Compartilhe:
No canto da sala ainda restava uma caixa para a mudança.
Pude, por alguns minutos, perceber que o que acumulamos de genuíno e
verdadeiro ao longo da vida são mesmo as nossas lembranças retratadas e
fotografadas com o flash da alma.
Em alguns momentos, segurei as lágrimas que ameaçavam cair.
Olhei por alguns instantes toda a casa vazia e, de repente, um eco de
nostalgia preencheu todo o espaço juntamente com o último raio de sol que, ao
meio dia, fez sua despedida daquela janela. Um cenário, uma cena, um personagem
e uma trilha sonora silenciosa. Uma fotografia invisível.
Nenhum barulho havia mais naquele lugar a não ser a batida do meu
coração que ora pulsava de alegria, ora de saudade e ansiedade pela nova estrada;
nova conquista misturada ao sentimento de saudade da casa que ficava e dos
momentos felizes registrados.
Futuro! Esse destino indecifrável!
Tranquei a porta da frente como fazia há tantos anos. Mas, naquele momento,
foi diferente! Uma etapa da minha vida estava sendo encerrada.
Ao descer a ladeira, senti uma profunda saudade do bouganville lilás plantado há quase um ano, juntamente
com os coqueiros.
Foram as caixas, foram as lembranças, mas ficou algo vivo para perpetuar
a natureza que nos envolve e que sobrevive à era tecnológica, digital e
artificial.
Senti saudades do bouganville naquele instante e, de vez
em quando, ao passar em frente ao jardim, recordo todos os instantes
emocionados que ficaram pairando naquele lugar junto com o orvalho da manhã e o
brilho do luar. Um eco ficou na sala vazia!
Marcelo
Basbus Mourão é advogado, ator, autor e diretor de teatro
Instagram
- @marcelobasbusmourao - e-mail: mbmourao@hotmail.com -
Facebook - Marcelo Basbus Mourão