Origens históricas e demográficas de avelar
Com dados compilados por Leda de Barros Franco, a quem o autor dedica um preito de gratidão e homenagem
21/06/2024
Historiador Sebastião Deister
Edição 505
Compartilhe:
O atual distrito de Avelar foi
implantado sobre grande parte do território que constituía a famosa fazenda Pau
Grande. O primeiro proprietário de tal sesmaria foi o sargento-mor Martim Corrêa de
Sá, que recebeu meia légua de terras em quadra junto ao Caminho Novo de Minas
em 12 de agosto de 1712, logo confirmadas em 14 de março de 1714. No interregno de
100 anos, as terras da imensa propriedade passaram por várias mãos.
Sabe-se,
assim, que em 23 de outubro de 1743 houve a concessão de "(...) uma roça no Caminho de Minas, no lugar chamado Pau Grande, com
meia légua de terras em quadra" em favor de Antônio da Costa Araújo,
Francisco Gomes Ribeiro e Manoel Gomes Ribeiro. Os dois últimos vieram a ser os
primeiros administradores da Pau Grande após a criação, em 3 de julho de 1748,
da sociedade familiar que abrigava membros da família Ribeiro de Avellar. Na
ocasião, Francisco e Manoel receberam uma carta de sesmaria de uma légua logo
confirmada em 12 de outubro de 1750.
Nove
anos depois dessa concessão, Manoel morreu, deixando o sobrinho, o padre Marcos
Ribeiro, como seu único herdeiro. Após os falecimentos dos sócios Marcos (1760)
e Francisco (1763), os irmãos Antônio Ribeiro de Avellar e José Rodrigues da
Cruz herdaram as terras da Pau Grande juntamente com o cunhado Antônio dos
Santos. A José Rodrigues da Cruz coube a administração da fazenda, função que
ele exerceu por mais de 30 anos com grande êxito. Durante tal período, o
sesmeiro conseguiu alargar os limites territoriais da propriedade e investir na
produção de gêneros alimentícios com duas vertentes principais: uma voltada
para o consumo e abastecimento interno da própria fazenda e outra visando à
exportação da cana-de-açúcar graças à implantação do imenso engenho que tanto
impressionou Auguste François Provençal de Saint-Hilaire em 1816.
Estação de ferro
em 1898
A inauguração da
estação de ferro em 29 de março de 1898 trouxe outras vertentes de crescimento
do lugar, tanto que em 1903 levantou-se outra parada chamada Mestre Xisto, nas
proximidades da fazenda Pau Grande.
Fundação da Vila de
Avelar
Segundo Leda de Barros
Franco, "(...) pode-se considerar a fundação
da Vila de Avelar no ano de 1903. Além disto,
neste mesmo ano, com o material da demolição da casa grande primitiva da Boa
Esperança, construiram-se duas casas na então denominada Rua da Estação, onde
se estabeleceu um armazém arrendado a Ricardo Monte Mor e Porcino de Almeida. Pouco
a pouco surgiram outras casas na mesma
rua, usadas como moradia e comércio, estrutura típica do início da
formação de um vilarejo. As terras ao redor foram sendo arrendadas em grandes
áreas, onde lavradores cultivavam café, cana, milho, feijão, legumes, verduras
e outros gêneros (...)" Por muitos anos, em terrenos doados por
Antonio Ribeiro Velho de Avellar, Marianna Velho de Avellar (D. Zizinha)
e seu filho Joaquim Ribeiro
de Avellar Junior,
e Fernando de Barros Franco
e seus cinco filhos (estes
representados por Cid e Yvone Barros Franco), foram sendo construídos os
prédios públicos da vila: a estação, a praça, a igreja, o grupo escolar, o
cemitério, o posto agropecuário, o campo de futebol, a área da feira, o ginásio, o posto de saúde (atual creche), o
posto de polícia, a área de exposição, a represa e a caixa d'água. As ruas, a
princípio designadas como projetadas, A, B, C, receberam os nomes da família Ribeiro
de Avellar: Barão de Capivary, D. Marianna, Visconde de Ubá, Viscondessa de Ubá, José Maria, D.
Luiza e D. Elisa, Coronel Avellar e outros.
Ainda segundo Leda de Barros Franco, a
primeira escola pública de Avelar teve como diretor o professor José Eulálio de
Andrade, e esta denominação ainda batiza a principal unidade de ensino da
cidade.
Leda ainda nos informa que o comércio ocupou a
rua da estação, atual rua Barão de Capivary, junto ao empório de Ricardo Monte Mor e Porcino de Almeida, já existente:
o armazém de Joaquim da Luz Fernandes, a farmácia de José Ferreira Gomes, a
moradia e fábrica de linguiça de Celso Chaves, a serralheria e moradia do Sr.
Arthur e D. Maria (esta a primeira a produzir as lindas flores de palha de milho, artesanato tão característico de Avelar).
Mais tarde,
estabeleceu-se a loja de Manoel de Andrade (Manoel Seleiro), onde se vendia
material de montaria, de construção, e de outras utilidades. Por sua vez, na antiga Estrada
do Japão situava-se o armazém de secos e molhados
do Sr. Leopoldo Pullig, onde era vendido basicamente todo o material necessário para provisão das casas de família (mantimentos, tecidos, roupas,
material escolar, etc.).
Estabeleceram-se em Avelar várias famílias,
cuja descendência de algumas gerações alí permanece até hoje, como Irineu
Avellar, Ricardo e Carlos Monte Mor, Antonico de Mattos, José Ferreira Gomes,
Ápio Manso, Joaquim da Luz Fernandes, Bernardino Rocha, José de Lucca, Porcino
de Almeida, os Avelino, os Barros Franco, os Andrade, os Lisboa, os Veiga, os Brum, os Luchesi, os Fonseca, os
Simoni, os Costa Pereira, os Bacellar, os Babo, os Salgado, os Rizzo, os Severo
e os descendentes dos escravos, e ainda a gente simples que alí foi trabalhar. A grande praça central de
Avelar foi denominada, a princípio, como Velho de Avellar, em homenagem ao Dr. Antônio
Ribeiro Velho de Avellar, um dos grandes mecenas do lugar, mas atualmente ostenta
o título de Nilo Monte Mor.
Por outro lado, 1943 corresponde à construção
do muro da frente do cemitério. Tal acesso ficava, a princípio, na entrada do
cemitério da Capelinha, situado na estrada que seguia em direção à Fazenda da
Ferme, utilizado pelas famílias anteriormente à doação do terreno do cemitério
atual. No centro desse cemitério existe uma capela utilizada para velórios e
orações. A propósito, no mausoléu das famílias Ribeiro de Avellar e Barros
Franco estão sepultados o Barão de Capivary,
o Visconde e a Viscondessa de Ubá e filhos,
Dr. Antonio Velho de Avelar, D. Zizinha, Joaquim
Ribeiro, Cid e Yvone Barros Franco, e para alí também foram
levados os despojos de toda a família, retirados da capela de Pau Grande. A
área de 10 alqueires do Posto Agropecuário foi doada por D. Zizinha por escritura de doação datada
de 27/ de outubro de 1940. Essa área tinha como
finalidade servir de apoio aos lavradores fornecendo sementes, treinamento e um
espaço bastante grande para experiências agrícolas.
Na área esportiva, O
Esporte Clube Avelar foi fundado em 01 de maio de 1934, tendo já completado, portanto,
90 anos. Lembremos, ainda, que um grande atratrivo cultural e turístico de
Avelar, hoje, é a tradicional e concorrida Festa do Tomate.