Fotografia com alma de pintor

A obra de Paulo Vizeu

 28/03/2025     Marcelo Mourão      Edição 520
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A pintura nasce da alma! O pintor busca inspiração em seu interior para projetar o quadro da sua vida, da sua paixão, da sua musa ou mesmo do seu pensamento naquele instante.

E era com essa alma que Paulo Vizeu "pintava" seus quadros-fotografias. Sim! Quadros-fotografias, porque muito além da tecnologia digital está a alma do artista, a sensibilidade do homem, a generosidade do fotógrafo.

O trabalho e a obra de Paulo Vizeu confundem-se entre a pintura e a fotografia.

Transforma óleo queimado de carro em tapete persa num lavador de carro como projeta uma gaivota no céu parecendo um supersônico de última geração.

Atravessa a persiana da sala e banha de luz vertical aquele que dorme e sublinha em cada parte do corpo a sensualidade desejada num desejo imaginado na luz da manhã ou na invasão da madrugada.

Tanto para um ônibus com reflexo de imagens, quanto carrega num skate a velocidade da moto ou da bicicleta que, num instante ou segundo, paira no ar na acrobacia do piloto.

Fotografa o sorriso e transforma a lágrima, voa no parapente e luta no paintball, canta no show da Festa e interpreta no palco do teatro. É presente, passado e futuro na tecnologia digital que mantém o mais nobre sentimento do artista - a alma, a sensibilidade e a sedução. Sim, porque o artista está seduzindo a todo momento. E é com essa sedução que temos que apreciar a obra de Paulo Vizeu, a cores, em preto e branco, sépia, enfim, com as cores que estão dentro do nosso coração.

Paulo Vizeu fotografava a vida, o cotidiano, o trem, o carro, os passos, a cantora, a dançarina, o corpo desenhado, o corpo tatuado, o olhar emocionado e o coração flechado.

Fotografava o lutador, o capoeirista, o político, o feirante, o tatuador, o homem, a mulher, o povo. A Fotografia de Paulo Vizeu é tatuagem permanente no click fotográfico da alma que vê, da alma que chora, da alma que sorri.

A fotografia fala com a voz do artista. A cor salta aos olhos de quem é modelo naquele instante. O click digital é apenas um detalhe na lente que vê e que sente.

Talvez seja esse o grande segredo da lente de Paulo Vizeu! Uma lente externa que sente a lente interna ligada eternamente no mecanismo da alma que, sensível, aprecia o quadro, foca o zoom e define a cor.

É preciso ver, apreciar o trabalho de Paulo Vizeu, mas, devagar, é preciso sentir o que há por trás daquela imagem! Com certeza vamos descobrir muito mais do que a fotografia!

Vamos descobrir um quadro em movimento, que, congelado num instante da emoção, guarda a imagem imaginada pelo artista que, num click, eternizou o movimento da vida.

Marcelo Mourão é advogado, ator, autor e diretor de teatro