222 Anos da Criação da Vila de Paty do Alferes de Serra Acima
Ao longo de 81 anos, Paty ostentou o simples título de Freguesia, até que em 4 de setembro de 1820 o Príncipe Regente D. João VI, através de um Alvará Real, referendou a criação da VILA DE PATY DO ALFERES
09/09/2022
Historiador Sebastião Deister
Edição 414
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Nascida às margens do Caminho Novo de Minas, a Freguesia de Nossa Senhora
da Conceição de Serra Acima da Roça do Paty do Alferes foi oficialmente criada
em 13 de abril de 1739, com sede na fazenda da Freguesia fundada pelo alferes
Francisco Tavares. Já nessa época, o também alferes e tabelião Leonardo Cardoso
da Silva possuía uma roça de alimentos no morro de São Paulo - atual centro da
cidade, em cujo topo localiza-se hoje a Matriz de Nossa Senhora da Conceição -
e por conta dos trabalhos desses dois pioneiros o povoado rapidamente se tornou
um importante ponto de referência para os viajantes que cruzavam a serra do
Tinguá em direção às terras de Paraíba do Sul, ponto de passagem para Minas
Gerais.
Alvará
Real
Ao longo de 81 anos, Paty do Alferes ostentou o simples título de
Freguesia, até que em 4 de setembro de 1820 o Príncipe Regente D. João VI,
através de um Alvará Real, referendou a criação da VILA DE PATY DO ALFERES,
cujos domínios territoriais cobriam as áreas de Vassouras, Mendes e Barreiros
(atual Miguel Pereira), cujos termos determinavam o seguinte:
"Eu, El-Rey, faço saber aos que este Alvará com Força de Lei virem, que
aos quatro dias do mês de setembro do ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus
Cristo de mil e oitocentos e vinte, hei por bem criar no sobredito lugar PATY,
uma Vila com a denominação de VILA DE PATY DO ALFERES, que terá por termo todo
o território entre as Vilas de São João do Príncipe e de São Pedro de
Cantagalo, limitando-se ao Norte pela Serra da Mantiqueira e pelo Rio
Paraibuna, e ao Sul pelo seguimento da Serra do Mar e cordilheira do Tangoá,
ficando porém excluída do mesmo termo, a Freguesia de Nossa Senhora da Glória de
Valença, que já foi servido mandar erigir em Vila."
Assinado D. JOÃO VI
Rei de Portugal e do Brasil
Todavia, em face do
pouco crescimento da vila e da negligência de seus administradores, a Regência
Trina do Império (composta pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva e pelos
deputados João Bráulio Muniz e José da Costa Carvalho) determinou, no dia 15 de
janeiro de 1833, a
transferência da cabeça de município para Vassouras. Por conseguinte, Paty
permaneceu como distrito vassourense até 15 de dezembro de 1988, quando enfim
um plebiscito optou pela criação de um município independente abrangendo Paty -
sede - e as localidades de Pedras Ruivas, Arcozelo, Avelar e diversos outros
logradouros satélites.
Atualmente, Paty do Alferes ostenta uma das maiores produções agrícolas
do estado do Rio, com destaque maior para a produção de tomate. Seus trabalhos
pecuários são também bem expressivos, em especial na oferta de leite e carne
bovina.
Na área turística, o município trabalha intensamente eventos populares já
consolidados e tradicionais, tais como a Festa do Doce (na Semana Santa) e a
Festa do Tomate (no feriado de Corpus Christi), além de outras comemorações
pontuais.
Por sua vez, a área cultural proporciona ao público alguns equipamentos de
ótima qualidade, entre eles a Aldeia de Arcozelo (hoje com sua titularidade
repassada para a prefeitura) instalada na antiga Fazenda da Freguesia (com
Salão de Artes, Salão de Música, Teatro de Arena Itália Fausta, Teatro Central
Renato Viana, refeitório, capela, área da antiga senzala e outras dependências)
e o Centro Cultural Maestro José Figueira, no centro da cidade, este abrigando
a Biblioteca Joaquim Osório Duque Estrada (com mais de dez mil títulos já
cadastrados), a Galeria de Artes Dulce Pinheiro Bernardes, o Teatro Ivan Gomes
Bernardes (com 122 poltronas) e uma sala de oficinas de teatro e pintura, além
de aulas regulares de música.
Na História de Paty do Alferes, dois ilustres personagens devem ser
lembrados. O primeiro o ferreiro Manoel Congo, líder de uma revolta de escravos
da fazenda Maravilha, (hoje Aldeia de Arcozelo), ocorrida em 1838 e cujo
enforcamento ocorreu em 6 de novembro, serviu de mórbido exemplo para o plantel
de negros controlado pelos barões de café em todo o território vassourense.
Por seu turno, Joaquim Osório Duque Estrada - nascido em Paty em 29 de
abril de 1870 - notabilizou-se no cenário brasileiro pela criação da letra do Hino
Nacional, cujo centenário de oficialização foi comemorado em outubro de 2009.
Osório faleceu no Rio de Janeiro em 5 de fevereiro de 1927.