Eu quero gozar! Dor no sexo não
A ginecologista normalizou a dor e a anorgasmia
05/08/2022
Sexóloga Clarissa Huguet
Edição 409
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Semana passada,
recebi o relato sincero de uma seguidora sobre a sua caminhada neste mundo de
possibilidades que é a nossa sexualidade. Em um relacionamento de longa duração
com acordo de exclusividade, ela contou que se casou virgem e bem novinha. Nos
primeiros anos do casamento, a relação sexual era desagradável e dolorosa. Em
vez de prazer, havia dor e ela contava os minutos para aquilo acabar a cada vez
que ia para a cama com o parceiro. Conversou com ele e chegou a pedir que procurasse
outras mulheres a fim de se libertar dos "deveres conjugais" e da dor, mas ele
queria que a sua mulher sentisse prazer e não aceitou a "oferta".
Jéssica (nome
fictício) procurou uma ginecologista em busca de ajuda. Sabe o que ela ouviu da
médica responsável por cuidar da saúde sexual da mulher? Que "sentir dor era
normal, que era assim mesmo e que poucas mulheres têm orgasmo ou não sentem
dor". A GINECOLOGISTA NORMALIZOU A DOR E A ANORGASMIA (ausência de orgasmo)
daquela paciente, que saiu de lá arrasada.
Apesar desse balde de
água fria, Jéssica decidiu que precisava mudar aquilo, ela queria GOZAR! E
conseguiu ir se informando, aumentou o autoconhecimento sobre seu corpo e zonas
de prazer, passou a consumir conteúdos sobre sexualidade, como o que há aqui no
perfil, e trilhou o seu caminho para longe da dor.
Descobriu sobre o
funcionamento do seu corpo, sobre a necessidade de lubrificação, sobre o que a
excitava! Um dia, decidiu comprar um vibrador que foi um enorme aliado nesse
mundo de descobertas. Ah, e o seu parceiro amou a novidade, que passou a ser a 3ª
na relação, maximizando a intimidade e o prazer a 2. Não foi fácil, não foi
simples, foi necessário ter coragem e sair da zona de (des)conforto.
A história é real e
com um lindo desfecho. Porém, o que me deixou mortificada foi a postura da
ginecologista. A médica não está ali somente para questionar sobre número de
parceiros, realizar o Papanicolau e informar sobre métodos contraceptivos e
ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Onde está o atendimento empático e
humano que conversa sobre masturbação, sobre se há prazer sexual nas relações,
se há orgasmos na vida da paciente que está sentada ali?
Pergunto a vocês:
qual a abordagem da ginecologista que as assiste?
Crédito da imagem @artlvsxbrun
Clarissa Huguet é
bacharel em Direito, mestre em Direito Internacional pela Universidade Utrecht,
pós-graduada em Educação Sexual pela Unisal e idealizadora do perfil no
Instagram @sexualize_se - Contato (21) 99701-7225