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"Não é surpresa que não se conheça a anatomia do clitóris. É nossa herança cultural". Esta frase é de Helen O'Connell, urologista australiana que descreveu com todos os seus elementos a anatomia completa do clitóris, o único órgão humano projetado somente para o prazer, numa data bem recente, em 1998.

A médica, além de detalhar a vascularização clitoridiana, constatou que sua inervação era mais potente do que previamente observado, cerca de oito mil terminações nervosas, o dobro da inervação da glande peniana (masculina). Além disso, incluiu os bulbos cavernosos como parte da estrutura, de forma piramidal, e explicou suas relações com a uretra e a vagina.

Questionada sobre a sua maior contribuição sobre a anatomia do órgão, respondeu: "Nos textos não especializados se conhece como clitóris a glande ou a ponta externa do órgão. E essa é uma parte muito pequena de toda a estrutura, que está mergulhada profundamente sob a pele, com vários componentes que se encaixam em um espaço entre a vulva e o monte de Vênus, envolvendo a entrada da uretra e a vagina. Acho que minha principal contribuição é mostrar qual é a forma e o tamanho de cada parte integrante do clitóris."

E por que até hoje, apesar de tantos avanços, o clitóris permanece desconhecido entre as mulheres e os homens?

"O que você está falando é na realidade do contexto cultural da sexualidade feminina. Para muitas mulheres é um triunfo passar a vida sem que ninguém ataque seu clitóris. Fizemos progressos, já existe uma legislação sistemática ampla que proíbe a mutilação do órgão. Há essa ridícula situação histórica sociocultural em que negamos completamente seu significado como órgão, e o extirpamos deliberadamente. Confiamos nos meninos para que as meninas aprendam sobre sexualidade. A sexualidade feminina foi confinada na vergonha e na ignorância desde o início dos tempos."

Outro ponto positivo é que, hoje, o clitóris é objeto de estudo por outros médicos e pesquisadores, vide a recente descoberta de que a sensibilidade do órgão é provocada por mais de dez mil fibras nervosas, duas mil a mais do número até então relatado.

Finalmente, pesquisadores médicos decidiram contar as fibras nervosas existentes na região sexual feminina. A nova pesquisa destaca o quão pouco se sabe sobre a anatomia e função do clitóris. Por questões culturais há enormes lacunas de conhecimento sobre o órgão que possibilita que o prazer feminino chegue a níveis muito superiores do que o masculino. Inclusive, assim como o pênis, o clitóris, quando a mulher se excita, fica com os corpos cavernosos todinhos preenchidos de sangue, tão cheios que a glande endurece e cresce, podendo dobrar de tamanho, assim como o pênis. Porém, eu tenho a certeza que a maioria das mulheres desconhece que isso acontece com o seu próprio corpo. Você sabia disso?

Que a vergonha e o desconhecimento sejam enterrados pela luz da informação e do prazer!