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Imagina a cena: você está no final do seu dia, exausta. A última coisa que você está a fim de fazer é transar. O seu parceiro chega, chegando. Ele tem as necessidades sexuais dele e não está se importando muito se você está na mesma vibração. Você diz "não" com palavras e ações; ele segue insistindo. Você nega, ele insiste. Você cansa e cede. E transa mais uma vez sem estar com a mínima vontade e/ou disposição. Ao final, você vira de lado e se sente mal, muito mal.

Psicanalistas nomearam a situação descrita acima como "autoabuso". Transar sem vontade é uma triste realidade na vida de muitas mulheres e uma situação em que impor o "NÃO" é bem mais difícil do que deveria ser. De uma forma ou de outra, no íntimo das mulheres, paira um certo senso de obrigatoriedade quando o assunto é sexo na relação a dois.

Me diga aqui, quem nunca pensou a célebre frase: "Vou topar e fazer logo, pois aí acaba mais rápido e eu posso dormir".

O "ter que transar" está tão internalizado que as mulheres acabam agindo no automático ao invés de abrir a situação para a parceria, possibilitando uma maior transparência e um trabalho em conjunto rumo a uma solução.

Mariana Stock explica de uma maneira simples: "Isso é muito mais comum do que pensamos, mas não vemos como problema porque, historicamente, é normal, faz parte do relacionamento. As mulheres se submetem faz tanto tempo, que isso já foi normalizado".

O que é melhor: encarar o problema de frente, ter uma discussão chata ou seguir transando sem vontade e sem prazer?

Vida sexual perfeita não existe, mas também não existe seguir transando sem vontade e fingindo orgasmo para acabar logo. Isso, definitivamente, não é vida.

A falta de sensibilidade da parceria que não consegue (ou não quer) enxergar o que está acontecendo com a mulher que ali está é outra questão tão grave quanto. O corpo fala, não é? Se seu parceiro acredita que você está lá para servi-lo, o melhor é rever esta relação.

Deixo aqui uma pergunta para todas vocês que se identificaram com este texto: Por que você se coloca neste lugar? Não seria hora de se apropriar da sua própria sexualidade e desejo?