Cannabis medicinal na Câmara Municipal de Vereadores
O direito à saúde: com impacto social, orgânico e a preço justo
02/06/2023
Cannabis medicinal é vida
Edição 452
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No último dia 16, aconteceu, na Câmara
Municipal do Rio de Janeiro, uma audiência pública sobre "Cannabis
medicinal: direito à saúde, associativismo e impacto social", foi uma
iniciativa da vereadora Luciana Boiteux. "É fundamental fazermos um debate
amplo sobre esse tema para garantirmos informação e acesso ao medicamento pelo
SUS. A saúde é um direito de todos e um dever do Estado", afirmou Luciana.
Nesse mesmo sentido, a vereadora protocolou o
Projeto de Lei 1935/2023 que visa criar o Programa Municipal de Cannabis
Medicinal para o fornecimento gratuito de produtos derivados ou à base de
cannabis, capacitar profissionais de saúde para prescrição e acolhimento de
pacientes na rede municipal de saúde e fomentar pesquisas que visem ampliar o
conhecimento científico sobre o tema.
Nessa audiência pública, estiveram presentes à
mesa Sidarta Ribeiro, neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
- pesquisador convidado da Fiocruz; Marilene Esperança da associação ABRARIO; o
também neurocientista Eduardo Faveret; Margarete Brito, presidente da Apepi e a
Dra. Marina Magalhães Lopes, Coordenadora do Núcleo de Atendimento à Pessoa com
Deficiência - NUPED.
Durante a audiência, o vereador Rogério
Amorim do PTB pronuncio-se veementemente contra o uso medicinal da cannabis
para inúmeras patologias. Segundo ele, só existe comprovação científica para o
uso do canabidiol, desprezando outras substâncias da planta como o THC. A sua fala alinha-se ao clássico discurso daqueles
que não se aprofundam no tema e são contra.
No entanto, durante o seu discurso, ele foi
questionado pela Margarete Brito, diretora da Apepi: "O senhor já ouviu
falar de um medicamento chamando dronabinol?". Trata-se de uma molécula
sintetizada do THC, registrado pela indústria farmacêutica na Anvisa e vendido
na farmácia desde 2010. Ele respondeu com outra pergunta: "o que isso tem a
ver com maconha"? Demonstrando, portanto, todo seu desconhecimento.
Esse diálogo viralizou nas redes, onde é
possível ver todos os presentes na Câmara Municipal rindo de tanta indignação pelo
desconhecimento do vereador.
O medicamento dronabinol é maconha
O dronabinol é um medicamento feito pela
indústria farmacêutica que copiou e sintetizou a molécula da planta, o THC, uma
das principais substâncias utilizadas para estimular o apetite e cessar o enjoo
em pacientes que estão em tratamento de quimioterapia, entre outras aplicações
clínicas com inúmeras evidências científicas.
Esse medicamento custa entre R$ 2.500,00 a R$
3.200,00 reais e está disponível em todas as farmácias do Brasil. Mesmo o Dr.
Rogério Amorim sendo médico neurocirurgião, ele não conhecia esse medicamento
que é composto por THC, a mesma molécula que ele demonizava minutos antes. Rogério
Amorim foi respondido: "Tem absolutamente tudo a ver".
Como podemos ter um medicamento de THC
vendido nas farmácias a um preço absurdo, o qual somente pessoas com posses
podem comprar, enquanto temos a mesma medicação feita no Brasil, e, no nosso
caso, em Miguel Pereira e Paty do Alferes, por um décimo desse preço?! São as
distorções que estão sendo resolvidas.
É aquela velha máxima que sempre se fala: a
maconha já está legalizada no Brasil. Está legalizada em todas as farmácias
para aqueles que podem pagar pelo tratamento. E, ao mesmo tempo, condena ao sofrimento
as dezenas de convulsões diárias daqueles que não podem pagar.
Maconha ou cannabis medicinal com impacto
social, orgânica, preço justo e acessível, somente essa que temos aqui entre
Miguel Pereira e Paty do Alferes por enquanto.
Na foto, Margarete Brito, presidente da Apepi e o médico Sidarta Ribeiro, neurocientista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.