Casa de Saúde e Maternidade Santa Therezinha

Após a fundação do Hospital Santo Antônio da Estiva, foi inaugurada com grande fausto a Casa de Saúde e Maternidade Santa Therezinha - precisamente em 22 de julho de 1967

 24/03/2023     Historiador Sebastião Deister      Edição 442
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Entre 1918 - ano da morte do Dr. Miguel Pereira - e o final dos anos vinte não se tem conhecimento de personagens médicos de maior realce em Miguel Pereira, embora por aqui deva ter passado - para contribuir com Antônio Botelho Peralta - um grupo de profissionais que a História, infelizmente, não registrou. Todavia, foi a partir das décadas de quarenta e cinquenta que Miguel Pereira e Portela conheceram os notáveis profissionais cujo trabalho pioneiro consolidou o atendimento solidário e profundamente humano dispensado às populações tão carentes da época. Surgiram, pela nossa terra, alguns doutores admiráveis (Oswaldo de Araújo Lima, João Plínio Werneck, Manoel Vieira Muniz, Ângelo Saullo, Radamés Marzullo, General Ferreira do Amaral,  Heitor Gouvêa Lima, Marcus Calmon du Pin e Almeida, Alcântara Gomes entre outros), farmacêuticos desprendidos (como Bonifácio de Almeida Portella, José Ferreira Gomes e seu filho Aymar e Francisco de Souza Lima, o Chico da farmácia) e dentistas zelosos (recordemos Dr. Ivo da Conceição e o Dr. José Rezende e a filha Dra. Lourdes) que deixaram pelas colinas o exemplo maior de seu trabalho decente, honesto e dignificante, além do peso de seus sobrenomes para dezenas de orgulhosos descendentes.

Casa de Saúde e Maternidade Santa Therezinha

Algum tempo após a fundação do Hospital Santo Antônio da Estiva, foi inaugurada com grande fausto a Casa de Saúde e Maternidade Santa Therezinha - precisamente em 22 de julho de 1967 - pelo Dr. Marcus Calmon Du Pin e Almeida, à rua Ilka, 16, no bairro Vila Margarida, um recanto muito sossegado de Miguel Pereira.

Tal entidade vinha prestar um inexcedível apoio às atividades médicas e laboratoriais do Hospital da Fundação, com ele compartilhando muitas das emergências do município. Moderna, bem planejada e dispondo de um razoável número de leitos em apartamentos confortáveis e enfermarias espaçosas, a Casa de Saúde acolhia também em seus quadros profissionais diversos jovens da terra recém-formados em Medicina, muitos dos quais filhos dos antigos médicos e farmacêuticos que haviam participado do crescimento da antiga Miguel Pereira, como Ricardo Manoel e Carmem Suzana Gomes Vieira Muniz (filhos do Dr. Muniz), César Francisco e Carlos Ferreira Gomes (filhos do dentista "Zezé" Ferreira Gomes) e Ricardo Calmon (sobrinho do Dr. Calmon).

Novas ampliações

Gerindo o estabelecimento ao lado de outros amigos e colegas de profissão, incluindo-se entre eles o onipresente Dr. Muniz, aos poucos o Dr. Calmon foi equipando todas as dependências da Casa de Saúde com modernas aparelhagens médicas (laboratórios especializados, salas de cirurgia e de radiologia) e já em 18 de dezembro de 1975 inauguravam-se novas ampliações da instituição, nelas se destacando um anexo destinado a abrigar todos os serviços de Raios-X. Com tais obras, também novos quartos e enfermarias puderam ser oferecidos à população, fazendo com que a Casa de Saúde passasse a dispor de uma imensa área de serviços técnicos.

Em seus anos de grandeza, a Casa de Saúde relacionou em seu quadro especializado alguns médicos de peso na cidade, dos quais lembramos aqui Dra. Noema Batista, Dr. Fernando Pontes Moreira, Dr. Élcio Portela, Dr. Wagner Portela Arbex, Dr. Carlos Ferreira Gomes, Dr. João Franklin, Dr. Sérgio Gomes Duboc, Dr. José Luís de Carvalho, Dr. Rui Carvalho e o Dr. Paulo Gedeon. Assessorando-os no campo administrativo, havia a figura sempre respeitável e íntegra do senhor Rômulo Badolati, um verdadeiro sustentáculo na gerência e nas ações administrativas e financeiras daquela entidade.

Problemas técnicos e financeiros, além de algumas administrações equivocadas e danosas que por lá passaram nos últimos anos - especialmente depois da saída do Dr. Muniz e do Dr. Calmon de sua direção médica -, levaram a Casa de Saúde a entrar num crônico problema de insolvência administrativa e econômica. Apesar dos esforços despendidos por médicos e amigos, infelizmente o estabelecimento foi perdendo clientes, credibilidade e convênios com outras unidades de saúde estaduais e federais, e assim seus serviços acabaram sendo paralisados, caminhando aquele instituição modelar em direção a uma inelutável falência. Com o agravamento da situação econômico-financeira do país, a Casa de Saúde foi descredenciada tanto pelo SUS quanto pela Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Miguel Pereira, o que determinou a sua irremediável desativação.

Evidentemente, o colapso da Casa de Saúde deixou toda a região dependente do Hospital da Fundação, vindo tal situação gerar problemas muito graves de assistência médica no município e nas cidades vizinhas, já que ele representava - e continua representando - a única unidade hospitalar na imensa área que segue de Japeri até Paraíba do Sul. De fato, também o Hospital Santo Antônio da Estiva atravessou uma crise profunda que nem mesmo o auxílio prestado pelas Prefeituras de Miguel Pereira e Paty do Alferes conseguiu sanar, tendo ocorrido, em finais do ano 2000, boatos ameaçadores de que ele fecharia suas portas. Felizmente, tal absurdo social foi evitado graças a uma enérgica ação do Poder Executivo de Miguel Pereira, que nos meses iniciais do ano 2001, através de sua Secretaria de Saúde, prestou um maior aporte àquele instituição, fazendo com que ela, mesmo atropelada por graves problemas, continuasse funcionando em benefício do povo da região, agora, inclusive, com seu Pronto Socorro municipalizado, o que facilitou bastante o atendimento médico de urgência dos doentes.

Além desses médicos, não podemos deixar de mencionar a contribuição inestimável prestada a Miguel Pereira pelo Dr. Eugênio Albino dos Santos (que seria Vice-Prefeito do município na primeira gestão de José Antônio da Silva), e mais recentemente Dr. Alcione dos Santos, Dr. José Orloff, Dr. Valdomiro Peralta, Dr. Marcos Calmon de Oliveira, Dr. Ricardo Manoel Gomes Vieira Muniz, Dr. César Francisco Ferreira Gomes, Dra. Carmem Suzana Gomes Vieira Muniz e muitos outros a quem, por certo, as futuras gerações miguelenses encarregar-se-ão de tecer as devidas loas.

Por outro lado, torna-se importante ressaltar que uma grande área médica está sendo construída em Miguel Pereira, configurando a construção de um novo e amplo hospital cujos serviços, naturalmente, estarão concatenados aos trabalhos do Hospital Luiz Gonzaga, trazendo para a região a esperança de futuros atendimentos sociais, médicos e laboratoriais.

IMAGEM: Prédio da Casa de Saúde, hoje propriedade particular.

 

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