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A revolucionária Bolívia

A vitória retumbante de Luís Arce para presidente da Bolívia foi uma vitória da democracia sobre a ditadura, da participação popular sobre a fraude e da perspectiva do desenvolvimento social contra o neoliberalismo.

Edição: 315
Data da Publicação: 23/10/2020

A vitória retumbante de Luís Arce para presidente da Bolívia foi uma vitória da democracia sobre a ditadura, da participação popular sobre a fraude e da perspectiva do desenvolvimento social contra o neoliberalismo, contra a intromissão estrangeira na Bolívia. É uma vitória de resistência sobre o golpe. É uma vitória da América Latina, que se junta com Alberto Fernández na Argentina, López Obrador no México e Uruguai, pois, apesar da perda da eleição presidencial, há 15 dias as forças progressistas venceram as eleições para a prefeitura da capital Montevidéu, onde mora 80% da população uruguaia, e com auxílio de socialistas, comunistas e antigos Tupamaros (que é o partido do senador Pepe Mujica, que deixou o Senado essa semana).

Vale lembrar que recentemente o dono da empresa de carros elétricos Tesla afirmou publicamente, em alto e bom som, que eles davam golpe onde e quando quisessem, se referindo ao golpe sangrento dado na Bolívia.

Essa eleição mostra a grande rejeição a esse projeto golpista e que a população quer preservar em suas mãos a riqueza do povo boliviano, seja nas enormes reservas de gás natural, que inclusive fornece para indústria brasileira, seja na maior reserva de lítio do mundo.

O lítio está em todos os celulares, em todos os carros híbridos e nos veículos elétricos (carros e caminhões), e é a grande aposta da indústria automobilística para esse século. O gargalo do carro elétrico é exatamente a duração de sua bateria - aliás, não só dos carros elétricos como dos celulares também.

Hoje, o que vale em um celular não é mais a tecnologia que está dentro dele, mas quanto tempo sua bateria vai durar. As enormes reservas de lítio são o que interessa às multinacionais, em especial a Tesla. Hoje a cobiça mundial se volta para o pequeno país - a Bolívia - como poucas vezes se viu na história do mundo.

O exemplo foi dado e liderado pelo povo indígena boliviano, uma sociedade que não renuncia a seus direitos. Eles estão organizados cotidianamente, e essa é a grande lição, a força da sociedade boliviana, dos trabalhadores bolivianos, esse respeito à organização popular, às organizações de base.

Os bolivianos decidiram que suas riquezas serão utilizadas para o desenvolvimento econômico e social de seu país e sua população. Vale lembrar que a Bolívia é um país pequeno, pobre e de maioria originária e indígena. A Bolívia, com 10 milhões de habitantes, é um país menor que Cuba, por exemplo, e é o país que tem a maior fronteira com o Brasil.

Bom ventos democráticos sopram na América Latina, e agora é a vez do Chile com uma manifestação gigante pela democracia. As eleições estão próximas, e a retomada da luta pela redemocratização do Chile também.

A eleição de Luís Arce foi um alento para as forças progressistas que defendem um mundo melhor, justo e mais igualitário. Renovam-se as esperanças, renova-se a luta, acumulam-se forças e sinaliza-se para uma perspectiva distinta da que estávamos tendo até agora.

Até o fechamento dessa edição, de todos os países que fazem fronteira com a Bolívia, apenas o Brasil não cumprimentou o presidente eleito.