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"Eu não vim para construir nada, eu vim para destruir tudo"
Fome, desnacionalização, Petrobras e Eletrobras
Edição: 355
Data da Publicação: 23/07/2021
Fome
Segundo a ONU, em 2014, eram 3 os
países que deixaram o mapa da fome: Brasil, Índia e Indonésia. A fome é indício
de miséria absoluta, não é indício de pobreza humilde; é uma miséria profunda,
é aquela que transforma as pessoas em sub-humanos, porque não há nada mais
grave do que passar fome. Dos 211 milhões de brasileiros, pelo menos 110
milhões têm alguma insegurança alimentar.
Além disso, é grave o quadro de
desemprego, nunca antes visto no Brasil, um quadro de pessoas desempregadas, de
pessoas que trabalham precariamente, além da falência dos pequenos negócios. Um
processo de empobrecimento generalizado na sociedade brasileira.
Desnacionalização
O que está ocorrendo não é
privatização, o que está ocorrendo é desnacionalização. É entregar as nossas
riquezas construídas ao longo de anos para investidores internacionais - geralmente
fundos especulativos ou fundos financeiros internacionais.
Petrobras
No caso da Petrobras, há um
esquartejamento. Estão transformando a maior empresa petrolífera da América
Latina, uma das maiores empresas de petróleo do mundo, que era uma empresa de
energia integrada que tinha uma capacidade imensa não só de produzir petróleo e
garantir abastecimento para o Brasil, mas também de gerar ciência, tecnologia e
inovação.
Sempre puxou a cadeia do
petróleo, foi crucial para o Brasil entrar para uma economia de agregação de
valor não só na área de petroquímica, mas revolucionando a indústria química e até
a de móveis (é só analisar a estrutura de uma plataforma para se ter noção do
que a Petrobras era capaz de produzir). Sobretudo no Brasil, ela tinha uma
capacidade enorme, junto com as universidades, de produzir conhecimento.
Explorar petróleo em águas profundas a baixas e altas temperaturas e pressões
não é trivial. A Petrobras estava no limite do conhecimento.
A Petrobras foi a responsável
pelo ressurgimento da indústria naval através da política de conteúdo nacional.
Tudo isso foi destruído, e é muito triste assistir a tudo isso. Fere o
desenvolvimento, geração de empregos de qualidade e empregos em geral. Só na
indústria naval, passamos de zero a 100.000 empregos gerados. A Petrobras é
isso e está sendo esquartejada. Estão transformando a Petrobras em uma empresa
média extrativa de petróleo. É um escândalo o que estão fazendo com ela.
Vende-se toda a logística da empresa, em seguida aluga-se e, com o aluguel de 2
anos, o investidor tem de volta o que investiu.
Eletrobras
A Eletrobras é outro caso. No
Brasil, não há quem tenha capacidade de adquiri-la, então ela será vendida ao
exterior, será objeto da desnacionalização e, no caso da Eletrobras, perdemos a
segurança elétrica. A gente só vai dar valor à energia elétrica quando faltar.
Teremos tarifas elevadas e não teremos garantia de fornecimento. Em 2001, houve
um apagão por falta de planejamento (médio e longo prazo) e falta de
investimentos.
O papel do setor privado x público
O setor privado só investe quando
o lucro é certíssimo. O setor público investe para garantir a estabilidade de
crescimento do país, a estabilidade do crescimento com as mais baixas tarifas
possíveis para o consumidor doméstico, comercial e industrial para gerar
crescimento, empregos e qualidade de vida.