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Lições de Prestes, Mao Tse-Tung, Lula e FHC
Em política, um pequeno gesto de uma dimensão política gigantesca.
Edição: 347
Data da Publicação: 28/05/2021
De 1937 a 1945
Em 1937, o capitão do Exército e
comunista Luiz Carlos Prestes não só foi preso pela ditadura de Getúlio Vargas,
mas teve a mulher, Olga Benário Prestes, deportada para Alemanha nazista, onde
foi morta.
De 1937 a 1945, Prestes ficou
preso em uma cela que era inumana. O advogado de Prestes, Sobral Pinto, cristão
fervoroso, defendeu o comunista ateu usando a lei de proteção aos animais que
já existia naquela época.
O chefe do Estado Maior de Vargas, general Góes
Monteiro, dá um golpe em Vargas e diz à ele para ir para sua terra (São
Borges) e não sair candidato a presidente da República em 1945. Se tivesse saído candidato, teria ganho, mas, como não saiu, Dutra foi eleito.
Diante do golpe, Prestes que ficou preso 8
anos preso como animal (em sua cela, Prestes mau podia ficar de pé), e teve sua esposa deportada e morta na Alemanha nazista, ele
foi para as ruas e palanques defender Getúlio Vargas.
O que precisa ser entendido é que
esse apoio a Getúlio não ocorreu pelo Getúlio. Prestes agiu com a razão, sem
qualquer interesse pessoal, visando o país.
De 1919 a 1949
O Exército de
Libertação Popular liderado por Mao Tse-Tung lutava contra o exército nacionalista
de Chiang Kai-shek, presidente da China e membro do Partido Nacionalista Chinês.
Foram 12 anos de luta.
Em 1931, o império
do Japão, com Hirohito, invadiu a China pelo leste, região histórica da Manchúria (cerca de 40% da China).
O que fizeram
esses dois exércitos que brigavam? Eles suspenderam a luta entre si e passaram
a lutar contra o inimigo comum. De 1931 a 1945, eles não guerrearam entre eles
e sim contra o Japão.
Em 1945, acabou a
II Guerra e o Japão, que a perdeu, saiu da Manchúria, então eles voltam a guerrear
até 1949, quando o exército de Libertação Popular de Mao Tse-Tung ganhou a
guerra. Em 1° de outubro de 1949, ele implantou a República Popular da China e Chiang
Kai-shek fugiu para Taiwan com o que restou de seu exército.
Quando Mao Tse-Tung ganha
a guerra e vira presidente, ele precisa nomear seis vice-presidentes. Mao
convida um comandante do exército que acabara de vencer. O comandante agradece
e diz que não podia aceitar porque há 15 dias estava matando comunistas. Mao
Tse-Tung responde: "Temos que pensar na China de hoje e prepará-la para a
China do amanhã".
Só para concluir
Na política, não
pode haver interesses pessoais, a razão deve prevalecer, e esse é o caso de Lula
e FHC, em que o que está prevalecendo é a luta contra um inimigo comum do país.
Depois é outra história. Nesse momento, não há que suscitar o golpe de 2016 e o
de 2018, entre outros. Não cabe exigir de FHC autocrítica, pois, na política,
os sinais e gestos falam mais alto do que qualquer declaração. Antes desse
encontro que gerou essa foto, houve um gesto nesse sentido, que foi a
declaração de Fernando Henrique Cardoso, em que ele disse que, havendo um
segundo turno entre Lula e Bolsonaro, ele votaria em Lula. Em política, isso
basta! É um pequeno gesto de uma dimensão política gigantesca.