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Enquanto o Brasil privatiza, por que Paris, Berlim e outras 265 cidades reestatizaram o saneamento?

É a lógica do lucro fácil - altas tarifas, serviços inflacionados e investimentos insuficientes

Edição: 298
Data da Publicação: 26/06/2020

Enquanto iniciativas para privatizar sistemas de saneamento avançam no Brasil e o Senado Federal aprova um novo marco regulatório, um estudo indica que esforços para fazer exatamente o inverso - devolver a gestão do tratamento e fornecimento de água às mãos públicas - continua a ser uma tendência global crescente.

De acordo com um mapeamento feito por onze organizações majoritariamente europeias, da virada do milênio para cá, foram registrados 267 casos de "remunicipalização", ou reestatização, de sistemas de água e esgoto. No ano 2000, de acordo com o estudo, só se conheciam três casos.

 

Serviços inflacionados, ineficientes e com investimentos insuficientes

 

Satoko Kishimoto, uma das autoras da pesquisa, afirma que a reversão vem sendo impulsionada por um leque de problemas reincidentes, entre eles serviços inflacionados, ineficientes e com investimentos insuficientes. Ela é coordenadora de políticas públicas alternativas no Instituto Transnacional (TNI), centro de pesquisas com sede na Holanda.

 

Por que voltar atrás?

 

"Em geral, observamos que as cidades estão voltando atrás porque constatam que as privatizações ou parcerias público-privadas (PPPs) acarretam tarifas muito altas, não cumprem promessas feitas inicialmente e operam com falta de transparência, entre uma série de problemas que vimos caso a caso", explica Satoko.

O estudo detalha experiências de cidades que recorreram a privatizações de seus sistemas de água e saneamento nas últimas décadas, mas decidiram voltar atrás - uma longa lista que inclui lugares como Berlim, Paris, Budapeste, Bamako (Mali), Buenos Aires, Maputo (Moçambique) e La Paz.

 

Conclusão

 

Vender água é fácil, quero ver tratar o esgoto e dar manutenção em sua rede. Será que as cidades pobres do mundo, como Berlim (Alemanha), Paris (França) e Budapeste (Hungria), estão erradas?